Visitar um campo de concentração nazista não é um roteiro turístico: é para recordar a história e não deixar que ela se repita. Essa é a ideia que você sente ao pisar em um lugar desses, e foi exatamente como me senti. Por isso, neste artigo você vai saber melhor como visitar Auschwitz e organizar a sua viagem.
Em primeiro lugar, saiba que é muito importante respeitar o local: você perceberá isso logo ao chegar lendo as instruções. Mas além disso, prepare-se para um roteiro histórico que exige organização, pois saber como visitar Auschwitz envolve muita pesquisa.
É possível visitar o campo de concentração de Auschwitz sem excursão? Você vai tirar essa dúvida e algumas outras a seguir!
COMO CHEGAR NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ
O ponto mais importante será definir como visitar Auschwitz a partir de algum ponto de base. Eu optei por ficar em Cracóvia para conhecer, além de Auschwitz, o centro histórico e museus da cidade, e foi uma escolha acertada.
Como ir de Cracóvia a Auschwitz
O campo de concentração fica na cidade de Oświęcim (que significa Auschwitz em polonês), a cerca de 70 km de Cracóvia, e a forma mais econômica é ir por conta própria usando o transporte público. Contratar um transfer, por outro lado, pode ser mais prático e confortável. Entenda melhor:
De transporte público:
A primeira opção é pegar um ônibus no terminal Małopolskie Dworce Autobusowe, que fica ao lado da estação central de trem (Kraków Główny). Existem algumas empresas que fazem o trajeto para Oświęcim e é possível comprar o bilhete do próprio motorista na hora. Porém, recomendo a empresa Móz Bus, que além de deixar o passageiros na frente de Auschwitz I é a única que permite a reserva de bihletes online. Na busca, assinale “Kraków” como origem e “Oświęcim” como destino.
A viagem dura cerca de 1h30 e custa 15 Złoty (cerca de R$ 20) o trecho.
Outra alternativa é o trem, que sai da estação central de Cracóvia. A viagem costuma durar entre 1h30 e 2h (depende do trem e do número de paradas) e custa por volta de 11 Złoty. A diferença é que a estação final fica mais longe: cerca de 2km / 30 min de caminhada. Veja os horários de trem.
De transfer privado:
Já a terceira alternativa é a que acabei escolhendo: o transfer privado. A minha opção não incluía tour guiado, mas ela existe também.
Como era o auge do verão, fazia mais de 30°C e não seria agradável caminhar muito. Por isso, paguei cerca de 18 euros por um transfer que me levou aos dois campos que formam o complexo de Auschwitz e depois me largou novamente no centro de Cracóvia.
Se essa for a opção escolhida, você pode conferir os diversos tipos de tours disponíveis na nossa parceira Get Your Guide:
Como eu estava sozinha e o transfer era em uma minivan, acabei conhecendo um espanhol e três italianos na viagem. Assim, fizemos a visita juntos e foi ainda mais interessante pela troca cultural sobre a visão de cada um quanto ao Holocausto.
Como ir de Berlim a Auschwitz
Sei que muitas pessoas buscam como visitar Auschwitz a partir de Berlim. Na verdade, eu também fiz essa pesquisa, pois antes da Cracóvia estaria em Berlim. O que posso adiantar é que não indico essa opção de bate e volta rápido, mas você pode arriscar, se for o único caso.
Para isso, na verdade, você acabará passando obrigatoriamente por Cracóvia, por isso pode valer a pena ficar pelo menos uma noite.
O trajeto mais comum é de trem. A passagem custa cerca de 92 Złoty com a PPK Intercity, o que dá por volta de 20 euros, mas isso se você garantir com antecedência. A viagem, nesse caso, dura cerca de 7 horas.
Outra opção é o ônibus, que custa a partir de 23 euros com a FlixBus, mas dura cerca de 9 horas de viagem.
Ao chegar em Cracóvia o roteiro segue basicamente as opções que você conferiu acima. Então, ao invés de fazer essa viagem com pressa, recomendo tirar mais alguns dias e incluir Cracóvia no roteiro. Assim você conhecerá não só o campo de concentração de Auschwitz, mas também os diversos museus e atrações da cidade polonesa.
INGRESSOS PARA AUSCHWITZ
Um tópico importante sobre como visitar Auschwitz e que muitos não sabem é que a entrada é gratuita se você optar pela visita sem guia. Como são dois campos, existe ainda um ônibus também gratuito que leva você de um ao outro.
Porém, os horários disponíveis para as visitas sem guia são mais limitados. Esses horários estão dispostos no site oficial no museu e são atualizados frequentemente – procure pelo tópico “VISITING WITHOUT A GUIDE-EDUCATOR” para consultar.
Para fazer a visita gratuita, é necessário agendar com antecedência na página de reservas do museu ou entrar na fila da bilheteria em frente ao Auschwitz I (com a chance de não haver mais bilhetes disponíveis).
Ao contrário disso, é possível optar por transfers ou tours guiados com bilhetes inclusos (como os oferecidos pela Get Your Guide) ou um dos tours oferecidos pelo próprio Museu de Auschwitz-Birkenau. Nesse último caso, os tours devem ser agendados na mesma página de reservas do site oficial.
O QUE VER NOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ
Conforme citei acima, são dois campos de concentração. Mas claro que você pode visitar apenas um, embora eu indique a visita completa. Por isso, separei a seguir alguns pontos da minha experiência em cada um para você entender melhor!
Visita a Auschwitz II – Birkenau
A minha dica para saber como visitar Auschwitz é começar pelo campo Birkenau, pois você levará mais tempo no próximo. Este campo é mais “aberto”, praticamente um acampamento, e você vai poder andar pelos trilhos onde os trens levaram mais de 90.000 prisioneiros.
Nele há inclusive um vagão antigo que era utilizado no transporte e permite sentir o horror que era vivido ali. Nos arredores também existem os pavilhões onde os prisioneiros “dormiam”. Há também resquícios das câmaras de gás, mas elas estão bem destruídas.
Mais ao fundo do campo há um memorial recentemente construído em homenagem aos judeus que morreram ali. É um espaço bem emocionante! E tudo fica em meio a ruínas, já que boa parte do local foi destruída pelos alemães antes da chegada das tropas inimigas.
Ao longo do caminho há vários totens com explicações sobre cada espaço, por isso aproveitei para ler e entender melhor. E nunca se esqueça: tenha respeito na hora de tirar as suas fotografias e andar pelo campo de concentração!
Visita a Auschwitz I
O campo de Auschwitz I talvez seja o mais importante porque traz alguns objetos que fazem você entender bem o que aconteceu ali. Há muitas explicações históricas e durante toda a visita é possível entender a importância de se abrir o espaço às visitas.
Em Auschwitz I está o famoso portão com a inscrição “Arbeit Macht Frei” (O trabalho liberta) e você passa por ele logo no início. Contudo, perceberá que há muito o que se ver em pouco tempo.
No meu caso, o motorista do transfer entregou um mapa do campo com indicações dos lugares mais importantes para a visita. Assim, pude avaliar melhor e otimizar o meu tempo, já que é difícil entrar em todos os espaços.
Auschwitz I era mais administrativo, onde ficavam alguns presos políticos, jornalistas ou suspeitos de traição. Nesses prédios você pode inclusive entrar nas antigas celas, ver as fotos de quem morreu ali e os seus nomes, o que é bem emocionante.
Há também as salas mais chocantes, com objetos dos antigos prisioneiros. Existem desde espaços que mostram as roupas das crianças até muletas e pratos utilizados nas refeições.
Pessoalmente, os espaços que mais me impactaram foram aqueles com exposição dos calçados, malas e até mesmo pedaços de cabelos dos antigos prisioneiros. São toneladas de cabelos de mulheres que tinham a cabeça raspada assim que chegavam aos campos.
Quase ao final do percurso você ainda tem outra experiência difícil de colocar em palavras: entrar em uma antiga câmara de gás. O teto é bem baixo, o que já dá uma sensação de sufocamento, e ainda é possível ver os cilindros de gás expostos. Algumas pessoas preferem não entrar, então avalie bem como você se sentirá antes.
Há muito material para ler ao longo da visita e até vídeos em algumas salas. Você precisa de pelo menos 3 horas para os pontos mais importantes, então organize-se bem.
Uma cena emocionante que vi durante a visita foi um grupo de jovens judeus com uma bandeira reunidos para uma fotografia. São cenas como essa que fazem você repensar o sentido de abrir as portas de Auschwitz para visitação e entender a importância daquele ato de liberdade para os povos que sofreram no Holocausto.
Vale a pena visitar Auschwitz?
Essa é a pergunta que a maioria das pessoas me faz. Sinceramente, eu acredito que visitar esse tipo de campo de concentração é cada vez mais importante, mas com respeito. Você não vai ouvir risadas ou ver pessoas tirando fotos sorrindo, o que diz muito sobre o local.
Como eu disse antes, não é um roteiro turístico, mas histórico. Ao longo de Auschwitz I há várias mensagens sobre a necessidade de não se esquecer o passado. Por isso, acredito que você sai de lá ainda mais consciente disso.
Agora você já sabe como visitar Auschwitz e provavelmente já percebeu que será um dia bem intenso. Lembro que saí do hotel de manhã cedo e cheguei de volta às 20h. Então, reserve o dia inteiro apenas para isso, certo?
Sem dúvida, visitar Auschwitz vale a pena. Inclusive, encontrei várias pessoas com crianças pequenas lá. É uma verdadeira aula de história e humanidade, que ainda pode ser combinada com uma visita por Cracóvia e seus museus que homenageiam os judeus!