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“O que levar para o trekking ao Campo Base do Everest”


Retrato no Glaciar do Khumbu, próximo ao Campo Base do Everest

O que levar para o trekking ao Campo Base do Everest? Faz muito frio? Qual é o limite de peso? Posso deixar para comprar minhas roupas e equipamentos no Nepal?

Bom, se você está planejando trilhar um dos percursos mais incríveis dos Himalaias e chegar perto da maior montanha do mundo, já deve ter se deparado com pelo menos um desses questionamentos.

Pensando nisso, reuni todas as informações que adquiri em meses de pesquisa e com a minha própria experiência – tanto no trekking quanto em quase 2 meses no Nepal – para escrever esse guia detalhado com tudo o que você precisa saber antes de começar a planejar a sua mochila. Vamos lá?

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FAZ MUITO FRIO NO TREKKING PARA O CAMPO BASE DO EVEREST?

A alta temporada para o trekking ao Campo Base do Everest acontece no outono e na primavera, quando o tempo é mais firme, a visibilidade das montanhas é boa e as temperaturas são moderadas.

No entanto, o trekking pode ser feito em qualquer época do ano, mesmo durante as monções ou na época mais rigorosa do inverno.

Para se ter uma ideia do clima, você pode conferir um resumo de cada estação:

  • Outono (setembro a novembro): considerada por muitos a melhor temporada, oferece clima agradável, vistas incríveis das montanhas e temperaturas moderadas.

  • Inverno (dezembro a fevereiro): tem dias claros, porém muito frios. É mais adequado para trekking em altitudes mais baixas.

  • Primavera (março a maio): similar ao outono, garante clima confortável e vistas impressionantes das montanhas. É quando os alpinistas fazem o ataque ao cume do Everest.

  • Verão (junho a agosto): as temperaturas são mais altas, mas as chuvas são frequentes intensas. Dentre todas as estações, é a menos indicada para o trekking.

Temperatura média mês a mês

Falar sobre a temperatura é um pouco difícil porque, devido à grande variação de altitude ao longo de toda a trilha, também há muita volatilidade nos termômetros.

No entanto, as temperaturas médias históricas de locais como Lukla e Gorak Shep – tradicionalmente os pontos de pernoite com menor e maior altitude durante o trekking – podem ajudá-lo a preparar a sua mala:

  Lukla Gorak Shep
  Mínima Máxima Mínima Máxima
Janeiro -9 °C 4 °C -18 °C -4 °C
Fevereiro -7 °C 6 °C -17 °C -2 °C
Março -4 °C 9 °C -14 °C 0 °C
Abril 1 °C 12 °C -8 °C 3 °C
Maio 4 °C 15 °C -4 °C 7 °C
Junho 7 °C 17 °C -1 °C 11 °C
Julho 9 °C 16 °C 2 °C 11 °C
Agosto 9 °C 16 °C 2 °C 10 °C
Setembro 7 °C 15 °C 0 °C 9 °C
Outubro 2 °C 12 °C -6 °C 5 °C
Novembro -2 °C 9 °C -11 °C 2 °C
Dezembro -6 °C 6 °C -15 °C -1 °C


Mesmo em baixa temperatura, é comum sentir calor e suar muito ao se movimentar, principalmente nos primeiros e últimos dias da trilha. Por outro lado, a noite é sempre gelada! As construções não possuem isolamento térmico e se manter aquecido pode ser desafiador.

Por isso, independentemente da época do ano escolhida, é importante se preparar para todas essas variações.

É claro que, nos meses mais quentes, é importante levar roupas leves para o início do trekking (como shorts e camisetas). Já no inverno, investir em uma jaqueta de plumas com boa gramatura e proteção contra o vento é indispensável.

LIMITE DE PESO

Duffel bags e mochilas na área de check in do aeroporto de Kathmandu

Passageiros e suas bagagens aguardando pelo voo para Lukla no aeroporto de Kathmandu

Em primeiro lugar, é importante saber que, caso você escolha chegar a Lukla de avião, as companhias aéreas impõem um limite máximo de peso total de 15 kg por pessoa, englobando tanto a bagagem despachada quanto a bagagem de mão.

Caso você faça o trekking de forma independente, provavelmente levará toda a sua bagagem em um mochilão.

Se você decidir contratar um “porter” (carregador), poderá distribuir o peso entre a duffel bag e uma mochila de ataque que te acompanhará diariamente durante a trilha.

Em ambos os casos, independente do limite de peso, é importante não exagerar. Quanto mais leve você conseguir viajar, melhor.

A título exemplificativo, eu viajei com 10,5 kg no total e contei com a ajuda de um carregador. Desse peso, cerca de 2,5 kg estavam na minha mochila de ataque (ainda sem água) e 8 kg na duffel bag. Graças ao consumo dos snacks, o peso da duffel bag ainda diminuiu durante o trekking.

Depósito de bagagens em Kathmandu

Para viajar o mais leve possível, é bem provável que você não queira carregar toda a bagagem com a qual chegou no Nepal.

Não parece existir nenhum serviço de locker em Kathmandu (pesquisei bastante, pois tive que deixar o meu computador), mas é muito comum as agências turísticas e os hotéis da cidade armazenarem bagagens sem custo para os clientes durante o período do trekking. Seja qual for o caso, confirme a informação antes.

No que diz respeito à segurança, o Nepal é considerado bastante confiável nesse aspecto, mas não custa tomar o cuidado de não deixar itens de valor (se possível).

O QUE LEVAR PARA O TREKKING AO CAMPO BASE DO EVEREST

Retrato no Campo Base do Everest

A famosa pedra do Campo Base do Everest

Finalmente, vamos ao tópico mais importante desse artigo: o que levar para o trekking ao Campo Base do Everest! 

Abaixo, preparei uma lista objetiva dos itens que você deve considerar ao planejar a sua bagagem para o trekking. A seleção leva em conta muita pesquisa e a minha própria experiência – considerando, é claro, os acertos e os erros.

Ao clicar nos links (em azul), você pode visualizar produtos exemplificativos para ter uma ideia mais concreta dos tipos de itens necessários e comparar com o que você já tem.

Na sequência, reuni informações relevantes sobre itens que merecem destaque ou que exigem explicações mais detalhadas.

É importante saber que essa lista foi pensada para o trekking de alta temporada, ou seja, para o clima de outono e primavera. Por isso, caso a sua expedição aconteça no verão ou inverno, cabe fazer uma ligeira adaptação de alguns itens.

Ao final, você também encontrará dicas sobre o que levar na sua mochila de ataque para ter à mão no dia a dia do trekking caso, como eu, também conte com a ajuda de um porter. Além disso, verá dicas sobre compras e possíveis aluguéis, como o que é possível encontrar em Kathmandu e o que é melhor evitar, por exemplo.

Dito isso, vamos à nossa lista:

Equipamentos de trekking

Roupas e calçados

Higiene pessoal e cosméticos

  • Toalha de microfibra
  • Papel higiênico (2 rolos)
  • Lenço umedecido (2 pacotes)
  • Protetor solar e labial
  • Álcool em gel
  • Sabonete / shampoo / condicionador
  • Desodorante
  • Escova e pasta de dente
  • Absorventes (mulheres)
  • Escova de cabelo

Documentos importantes

  • Passaporte
  • Visto de entrada no Nepal
  • Apólice do seguro de viagem

Outros

  • Câmera fotográfica / celular
  • Dinheiro e cartão de crédito
  • Adaptador universal
  • Filtro de água / pílulas de purificação
  • Snacks (chocolate, barra de cereal, gel de carboidrato, etc.)
  • Sacos organizadores para roupas limpas, sujas e molhadas
  • Óculos de sol
  • Cadeado

Saúde e primeiros socorros

Antes de iniciar o trekking, é interessante preparar uma “farmácia básica” para eventuais necessidades. O meu conselho é que você consulte um médico antes do trekking para checar o seu estado geral de saúde e pedir orientações preventivas e de tratamento para problemas possíveis, como mal de altitude, resfriado, dores musculares e intoxicação alimentar.

De um modo geral, um kit de primeiros socorros pode incluir:

  • Medicamentos de uso continuado
  • Analgésico
  • Comprimidos para diarréia
  • Anti-inflamatório
  • Anti-alérgico
  • Band-aid e fita para curativos e bolhas
  • Diamox para mal de altitude (somente com indicação médica)

Não essenciais

  • Garrafa térmica
  • Fronha
  • Powerbank
  • Protetor de joelhos
  • Itens para entretenimento (cartas, kindle/livro, etc.)
  • Chip de celular local da Ncell (dados móveis funcionam +/- até Pangboche)

ITENS EXPLICADOS

Mulher com roupa de trekking em paisagem rumo ao Campo Base do Everest

Com o Glaciar do Khumbu de pano de fundo, quase chegando ao Campo Base

Duffel bag / mochilão

Porters geralmente não carregam mochilões. Em vez disso, é comum que os clientes entreguem sua carga a eles em duffel bags, que são maleáveis, resistentes à água e podem ser agrupadas com outros itens.

Caso você contrate um porter antecipadamente por meio de uma agência, pode verificar se a empresa empresta ou aluga a duffel bag aos seus clientes (a minha agência emprestava). Do contrário, este é um item que você pode comprar ou alugar em Kathmandu por um valor bastante acessível.

Já se você dispensar o serviço de um carregador, um mochilão de cerca de 60 litros é o mais indicado. É importante que ele seja adequado e perfeitamente ajustado ao seu tamanho, com um bom suporte para as costas. Além disso, garanta uma capa de chuva para a mochila.

Mochila de ataque (“daypack”)

Para quem vai contratar o serviço de um porter, também é essencial levar uma mochila de ataque para a trilha.

É nela que você carregará água, os lanches que consumirá entre as refeições, dinheiro, câmera, jaqueta, capa de chuva e eventuais itens que possa precisar durante o dia.

Embora os guias geralmente recomendem uma mochila de 40 litros, o tamanho adequado dependerá de você.

Eu, por exemplo, levei uma mochila de 25 litros. Este foi um dos poucos itens que comprei para o trekking e meu critério de escolha foi o conforto. O tamanho foi ideal, deu para carregar tudo o que era necessário, mas não levei nenhuma câmera além do celular e nenhum outro item muito volumoso.

Capa de chuva

A capa de chuva é um item que você torce para não precisar usar, mas pode ser importante. Mesmo tendo feito o trekking em outubro, quando as previsões apontam para um clima estável, peguei chuva em 3 dias de trekking.

Comprei uma boa capa de chuva em Kathmandu por 700 rúpias nepalesas (US$ 5,50).

Bastões de caminhada

Mesmo que você não tenha o hábito de usar bastões de caminhada, vale a pena considerar para o trekking.

Eles ajudarão consideravelmente na distribuição do peso durante as longas subidas, além de contribuir com o equilíbrio e evitar lesões nas descidas em terrenos irregulares.

Algumas agências emprestam bastões (caso da minha) aos seus clientes. Além disso, também é um item que você encontra facilmente em Kathmandu.

Saco de dormir

As estalagens (chamadas de tea houses) no percurso até o Campo Base do Everest são muito bem estruturadas para as condições e altitudes em que estão posicionadas.

Geralmente, os quartos são duplos e contam com duas camas de solteiro, edredom e travesseiro.

No entanto, é importante notar que faz bastante frio à noite, principalmente em altitudes mais altas, e as paredes contam com um isolamento térmico praticamente nulo. Definitivamente, na medida que nos aproximamos do Campo Base, usar um bom saco de dormir para se manter aquecido é mais do que essencial.

Além disso, mesmo em altitudes mais baixas, não conte com roupas de cama limpas. A troca e higienização constante é praticamente impossível! Sem tocar no tópico higiene, essa é uma situação que pode desencadear uma indesejada crise alérgica. Por isso, não é má ideia usar o seu saco de dormir desde a primeira noite.

Novamente, algumas agências providenciam o empréstimo de sacos de dormir aos seus clientes (caso da minha), mas este também é um item que você pode encontrar para alugar em Kathmandu.

Bolsa / garrafa de água

Aqui, a questão é de preferência. A recomendação é que você tome pelo menos 3 litros de água por dia durante o trekking para se manter hidratado e evitar o mal de altitude.

Obviamente, você terá tempo para se hidratar nas tea houses, mas é indicado carregar pelo menos 2 litros de água consigo durante o trekking.

Usar uma bolsa de água com canudo te ajudará na hidratação constante. Assim, você pode manter as mãos livres (ou segurando os seus bastões de caminhada) sem precisar lembrar de tirar a sua garrafa da mochila o tempo todo.

Para quem prefere usar garrafas, sem problemas! De preferência, leve uma (ou duas) que se encaixe no bolsão externo da mochila.

Camiseta manga longa Dry-FIT / segunda pele 

Se tem algo que eu mudaria no planejamento da minha mala, é levar mais blusas de manga longa do tipo Dry-FIT ou segunda pele.

Essas blusas são muito versáteis porque protegem a pele do sol e do frio, compõem a primeira camada de aquecimento e, ao mesmo tempo, podem ser usadas isoladamente nos dias mais quentes. Além disso, elas são bem leves e compactas, pesando pouco na mala.

Eu levei duas blusas do tipo (além das térmicas) e foram suficientes, mas tive que lavá-las. Como elas ficam em contato direto com o suor, são os itens que ficam mais críticos com o uso repetitivo. Por isso, hoje eu levaria pelo menos quatro blusas.

Calça e blusa térmicas (2 pares, sendo 1 para dormir)

A primeira dica sobre as peças térmicas é levar um conjunto confortável de calça e blusa para dormir. Em comparação com um pijama normal, elas oferecem mais aquecimento e mobilidade, principalmente quando usadas dentro do saco.

Além do “pijama”, é interessante levar mais um conjunto de peças térmicas para compor a primeira camada de aquecimento nos dias mais frios e/ou para usar na tea house.

Fleece e jaqueta de pluma

As fleeces e “down jackets” (jaquetas de plumas) são responsáveis pelo aquecimento e serão suas grandes aliadas à noite e em alta altitude.

As fleeces são menos volumosas e fornecem menos calor, mas podem ser usadas debaixo das downs quando está muito frio ou sozinhas em temperaturas mais amenas. Já as down jackets oferecem mais proteção contra o frio extremo.

Algumas marcas oferecem jaquetas que possuem a função de aquecimento e corta-vento juntas, o que também pode ser uma opção – embora eu goste mais de usá-las isoladamente.

Nessa trilha, há muita variação de temperatura. É normal que você saia da tea house pela manhã com duas ou três camadas e vá as “descascando” no decorrer do dia.

O que eu fiz e que acredito ter sido a estratégia mais acertada foi levar 1 fleece, 1 jaqueta de plumas e 1 anorak, além das blusas segunda pele. Dessa forma, foi possível fazer várias combinações de acordo com o clima, sem suar tanto ou passar frio.

Quando está muito frio, a vantagem é que você pode sobrepor a jaqueta de plumas à fleece e isolar tudo com a anorak. Ao mesmo tempo, pode usar essas mesmas camadas à noite na tea house, não havendo a necessidade de carregar mais um suéter na mala.

Anorak

O anorak é uma jaqueta com função impermeável/hidrorepelente e corta-vento, e servirá para selar todas as suas camadas de aquecimento ou, então, te proteger das intempéries quando não estiver tão frio.

Apenas uma jaqueta já será suficiente. Caso a sua viagem seja no inverno, investir em uma calça com essas funções também é recomendado.

Calça de trekking

Duas calças de trekking são suficientes para todos os dias de caminhada, principalmente se você optar por calças de tecidos leves e rápida secagem. Se o tempo estiver bom durante algum dia de aclimatação, dá até para considerar uma lavagem. Além disso, um lenço umedecido pode ajudar a remover algumas sujidades.

E embora eu prefira calças utilitárias a leggings para esse tipo de situação – sujam menos e protegem mais contra o vento -, elas também são uma boa opção.

Meias de trekking

Investir em boas meias é bastante importante para reduzir a umidade nos pés, prevenir bolhas e evitar eventual mau cheiro.

As meias de lã merino são campeãs em todos os quesitos e, além disso, ainda são naturalmente antibacterianas. No entanto, você também encontra boas meias feitas de materiais sintéticos nas lojas especializadas. Ao comprar uma meia de trekking, apenas se atente à composição: nada de algodão, que retém a umidade!

O número de meias vai de cada um, mas é interessante levar alguns para alternar o uso e, se e quando possível, lavar.

Meias de treino

Para usar nas tea houses à noite e até mesmo para dormir, as suas meias de treino regulares já estão de bom tamanho, e não é preciso investir tanto em tecnologia.

Como elas não ficarão muito sujas ou suadas, também não é preciso levar muitos pares.

Botas de trekking

A bota de trekking é, talvez, o item mais importante de toda a nossa lista. Afinal, nada te causará tantos problemas durante a caminhada do que botas molhadas ou desconfortáveis.

Caso você ainda não tenha uma bota, a dica principal é não deixar para comprar na última hora. E, embora não seja impossível alugar botas em Kathmandu, não é algo que eu particularmente faria.

Para garantir o conforto durante a caminhada (lembre-se, são quase duas semanas usando o mesmo calçado), é importante que a bota seja “amaciada” para se moldar ao seu pé antes. E isso requer a utilização do calçado várias e várias vezes.

Outro ponto importante é investir em botas à prova d’água, como aquelas com membrana Gore-Tex; solado antiderrapante; e com um cano firme para proteger os tornozelos.

Luvas

De um modo geral, é recomendado levar dois tipos de luvas: uma interna (de lã, fleece ou poliéster) e outra externa, com função corta-vento e à prova d’água.

No entanto, penso que vale a pena considerar a temperatura que você irá enfrentar durante a sua ascensão. Eu, por exemplo, levei apenas uma luva na minha trilha no início de outubro, e foi mais do que suficiente. No entanto, não enfrentei temperaturas extremamente baixas.

Tênis / chinelo

Além da bota que você usará no trekking, é interessante levar pelo menos mais uma opção de calçado para você usar na tea house. Pode ser um chinelo, sandália ou um tênis de academia, por exemplo.

Eu levei apenas uma papete, que usava tanto no banho quanto no quarto ou no restaurante à noite (quase sempre com uma meia). Ter um tênis a mais seria bom, mas não senti a necessidade de mais um volume na bagagem.

Filtro de água / pílulas de purificação

Esse tópico dependerá da sua estratégia de consumo de água durante o trekking. Como não existe água potável encanada, há 4 estratégias que você pode adotar para se hidratar durante o percurso:

  • Levar um filtro de água portátil;
  • Usar pílulas de purificação de água;
  • Beber chá / água fervida;
  • Comprar água engarrafada.

A minha ideia era apostar nas duas primeiras opções. Eu nunca havia usado o filtro portátil e comprei um exclusivamente para o trekking, mas na noite anterior ao voo para Lukla percebi que ele tinha um defeito e estava entupido. Não teve jeito de consertá-lo. Caso você opte pelo filtro, tenha certeza de que ele está funcionando bem.

Outra opção viável é usar as pílulas de purificação. Elas são facilmente encontradas em Kathmandu e Namche Bazaar, são baratas e bem práticas de usar. Muita gente se dá bem com elas, mas não foi o meu caso, pois logo que comecei a tomar a água purificada tive um desconforto estomacal. Mais duas pessoas do meu grupo sentiram a mesma coisa, então decidi suspender o uso.

Acabei apostando em água engarrafada, água fervida e chás, todos vendidos nas tea houses.

O custo da água engarrafada, assim como de outros itens, depende da altitude (basicamente, do quão trabalhoso é o seu transporte). Enquanto em Lukla encontramos garrafas de 500ml por 100 rúpias nepalesas (US$ 0,76), em Gorak Shep ela custava 500 rúpias (US$ 3,75) na tea house e 400 rúpias (US$ 3) em uma vendinha. O preço também pode ser maior ou menor dependendo da temporada.

Snacks

É interessante levar alguns snacks na mochila para comer entre as refeições durante o trekking. Barras de cereal, chocolates, frutas secas, castanhas, gel de carboidrato… qualquer coisa que garanta energia e saciedade rapidamente.

Meu conselho aqui é para não exagerar e levar coisas que você goste. A verdade é que a altitude reduz o apetite e, mesmo com exercício intenso, não dá tanta vontade de comer o tempo todo. Além disso, comida pesa!

Para uma pessoa com metabolismo e apetite dentro da média, pensar em 3 pequenas porções por dia de trekking é o suficiente.

Toalha de microfibra

As tea houses não fornecem toalhas de banho aos hóspedes, então é preciso levar a sua.

Como a secagem é um tópico complicado durante a trilha, o ideal é levar toalhas esportivas de microfibra, que são compactas e de secagem rápida. Mas a minha dica vai além!

Em vez de levar uma toalha grande, algo que funcionou para mim foi levar duas toalhas pequenas. Além de serem suficientes para um único uso, isso permitiu que eu intercalasse as duas toalhas garantindo a secagem delas entre um uso e outro. Por fim, vale armazená-las em sacos plásticos individuais para evitar mau odor.

Fronha

Embora uma fronha seja um item completamente dispensável, é algo que eu gostaria de ter levado.

Mesmo utilizando o saco de dormir, acabava usando os travesseiros das acomodações e a situação quase nunca era boa. Em uma das noites não parei de espirrar e, a partir dali, passei a dedicar uma camiseta à função permanente de fronha improvisada.

Lanterna de cabeça

Eu não precisei usar uma lâmpada de cabeça em nenhuma acomodação em que fiquei, mas é possível que em algumas tea houses seja necessário utilizá-la para ir ao banheiro à noite, por exemplo – isso se você não quiser confiar na lanterna do seu celular.

No final das contas, a lanterna acaba sendo mais útil para quem pretende subir o Kala Phattar no nascer do sol. A ascensão geralmente inicia às 3h ou 4h da manhã, por isso a lanterna é indispensável.

Sacolas e organizadores para a mala

As sacolas e organizadores para a duffel bag ou mochilão são bastante importantes, não só para manter tudo organizado, mas principalmente para manter suas coisas limpas e secas dentro do possível.

Inevitavelmente, não importa o esforço que você faça, itens muito sujos, molhados e/ou malcheirosos acabarão voltando para a sua mochila. Garantir que você tenha sacos para separação dos itens (de preferência plásticos, para não molharem) será importante para manter o mínimo de dignidade ao longo do trekking.

Dinheiro

Como é de se imaginar, muitos dos lugares que você passará não possuem maquininha para o cartão. Logo, é melhor carregar dinheiro em espécie.

O quanto de dinheiro é um tópico extremamente subjetivo, pois dependerá do seu estilo de viagem e do que já está pago previamente. No geral, recomenda-se levar o equivalente a 200 ou 300 dólares para quem já pagou pelas acomodações e refeições.

E embora alguns lugares aceitem o pagamento em dólares americanos, a rúpia nepalesa é a regra.

Em todo caso, você encontrará caixas ATM padrões em Lukla e Namche Bazaar.

Curiosamente, em Gorak Shep também vi uma lojinha que opera como uma espécie de ATM não oficial: a pessoa passa o cartão no valor desejado (como se fosse uma compra) e eles devolvem em espécie descontando 5% da operação do cartão.

Entretenimento

Durante o trekking para o Campo Base do Everest, você passará bastante tempo nas tea houses.

No itinerário que eu fiz, que é o padrão, o nosso grupo geralmente saía da estalagem por volta das 8h e chegava no próximo destino até, no máximo, o meio da tarde.

Caso você vá em um grupo e as pessoas sejam muito legais (felizmente foi o caso do meu), ótimo! Caso contrário, espere passar por longos períodos de ócio. Por isso, não custa pensar em atividades legais para passar o tempo.

O QUE LEVAR NA MOCHILA DE ATAQUE

Mulher com roupa e equipamentos de trekking na vila de Namche Bazaar, rumo ao Campo Base do Everest

Ainda com calor durante a aclimatação em Namche Bazaar

Caso você opte por contar com a ajuda de um porter, espere só encontrar a sua duffel bag nas tea houses. Geralmente, os porters deixam as acomodações antes dos trekkers e chegam no próximo destino também mais cedo que eles.

Por isso, é importante carregar na sua mochila de ataque tudo o que você pode precisar durante o dia. A seleção diária dependerá do itinerário e clima, mas esses são alguns itens para você considerar:

  • Água (entre 2 e 3 litros);
  • Snacks para o dia;
  • Documentos importantes;
  • Capa de chuva / capa para a mochila;
  • Chapéu;
  • Óculos de sol;
  • Protetor solar / labial;
  • Medicamentos importantes;
  • Fleece / down jacket / anorak (depende do que você vai escolher para usar de manhã, mas é sempre bom ter o kit completo para ir tirando/colocando conforme a necessidade);
  • Papel higiênico;
  • Luvas;
  • Álcool em gel.

É POSSÍVEL LAVAR ROUPAS DURANTE O TREKKING AO CAMPO BASE DO EVEREST?

Não espere lavar roupas no caminho. Mas, se necessário, considere fazer isso nos locais de aclimatação, onde você terá pelo menos 2 noites e 1 dia de folga para que os seus itens possam secar.

Você pode lavar itens pequenos, como meias, no banho (geralmente pago à parte). Também não espere que as roupas sequem penduradas no seu quarto, porque elas não secam, já que é muito frio e a umidade muitas vezes não permite.

No entanto, é comum que os restaurantes das estalagens acendam uma espécie de lareira durante à noite. Esses lugares são bastantes informais e é totalmente normal pendurar algumas peças nas cadeiras para ajudar na secagem.

Por fim, caso você queira pagar pelo serviço, em Lukla, Namche Bazaar e Dingboche há serviço de lavanderia com secadora. As máquinas funcionam com energia solar, então também dependem do clima para funcionar.

COMPRAS NO THAMEL, EM KATHMANDU

Rua comercial no centro do bairro Thamel, em Kathmandu

Rua comercial no centro do Thamel, em Kathmandu

Thamel é o bairro em que quase todo turista se hospeda em Kathmandu. É lá onde ficam a grande maioria das agências de trekking, dezenas de hotéis, lojas de souvenir e uma infinidade de lojas de roupas e equipamentos de montanhismo.

E se você deu uma pesquisada sobre as compras por lá, já sabe que quase tudo vendido ali é falsificado.

Quase, porque na Tridevi Sadak, uma rua particularmente movimentada do bairro, você encontrará lojas oficiais de marcas como The North Face, Columbia e Marmot, por exemplo. Mas aqui já fica um aviso: elas não são muito mais baratas que no Brasil e nem mesmo possuem uma grande seleção de produtos.

Já em outras lojas, você verá de falsificações descaradas de marcas famosas a produções mais honestas com marcas genéricas como “Everest”. E o meu objetivo aqui não é fazer juízo de valor sobre as falsificações ou produções baratas do Thamel, mas do que vale a pena ou não comprar lá!

O que comprar e o que evitar

Primeiro, vamos começar pelas peças técnicas e que exigem mais qualidade para cumprir a sua função. Alguns exemplos são: peças térmicas; botas com membrana Gore-Tex e solado Vibram ou Continental; anorak; down jackets; mochilas; e meias de trekking. Se o objetivo for economizar, você conseguirá encontrar produtos acessíveis e muito melhores no Brasil – em lojas como a Decathlon, por exemplo.

Por outro lado, itens menos técnicos como capa de chuva, fleeces, calças de trekking e acessórios como gorros, chapéus e luvas, por exemplo, são genéricos e não dependem tanto de qualidade. Nesse caso, você pode sim deixar para comprar em Kathmandu e conseguir boas ofertas.

Por exemplo, eu comprei uma calça de trekking por 1.500 rúpias (R$ 55) e uma boa capa de chuva por 700 rúpias (R$ 25).

A minha recomendação no Thamel é a Goreto Gear Traders. Eles não tentam te empurrar um monte de mercadorias e oferecem bons preços, não sendo preciso negociar como em outras lojas.

ALUGUEL EM KATHMANDU

Eu não tenho nenhuma recomendação de loja em particular porque, de fato, não precisei alugar nada em Kathmandu.

De qualquer forma, saiba que não é difícil encontrar itens como duffel bags, sacos de dormir, bastões de caminhada e até mesmo botas para aluguel no Thamel. Além de ser uma opção econômica, é um modo de consumo muito mais sustentável.

COMPRAS EM NAMCHE BAZAAR

Vista panorâmica de Namche Bazaar, no Nepal

Vista da principal entrada de Namche Bazaar

Praticamente tudo o que vende em Kathmandu, você encontrará em Namche Bazaar com preços ligeiramente mais altos (coisa de 10 a 20%). Os valores variam de loja para loja e, como quase tudo no Nepal, dependem do seu poder de negociação.

De todo modo, é bom saber que Namche tem uma boa oferta comercial. Por isso, caso você fique em dúvida sobre a necessidade de levar um item ou não para o trekking (que pode ser desde uma jaqueta a um rolo de papel higiênico a mais), pode contar com essa possibilidade.

O QUE LEVAR PARA O TREKKING AO CAMPO BASE DO EVEREST

Neste artigo, procurei reunir tudo que acho relevante – e que de fato foram úteis no meu trekking – para te ajudar a montar a sua mala de viagem.

Lembre-se que esse é um guia geral! Você pode achar alguns itens dispensáveis ou sentir a necessidade de outros que não foram listados. De todo modo, a minha melhor recomendação é para que você se atente ao clima e se adeque à estação em que fará a ascensão.

Espero que você aproveite as dicas e faça um bom trekking!

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