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“Tipos de trem no Japão: guia simplificado com dicas”


A malha ferroviária japonesa é tão ampla quanto complexa. Existem diversos tipos de trem no Japão, diferentes empresas operando simultaneamente, além de variados tipos de bilhete disponíveis.

Desvendar o funcionamento do transporte ferroviário no país pode não ser tarefa fácil, mas uma vez que você compreende o sistema, é possível se deslocar tranquilamente sem enfrentar grandes dificuldades.

Para ajudá-lo nessa missão, reunimos neste guia as principais dúvidas e informações que farão diferença na hora de organizar os seus deslocamentos no Japão. Confira todas as dicas na sequência!

TIPOS DE TREM NO JAPÃO

O primeiro passo para compreender o sistema ferroviário do Japão é saber que existem alguns tipos de trem em circulação. Em suma, são 6 categorias principais:

  • Shinkansen
  • Local
  • Expresso
  • Semi-Expresso
  • Rápido
  • Expresso-Limitado

A seguir, vamos entender como cada um desses tipos de trem funciona no Japão:

Shinkansen (新幹線)

O Shinkansen é o famoso trem-bala japonês, ou trem de alta velocidade.

Inaugurado em 1964 para os Jogos Olímpicos de Tóquio, esse tipo de trem opera satisfatoriamente no Japão desde então e vem se modernizando cada vez mais. Atingindo velocidades de até 320km/h, oferece experiências incríveis como a de viajar entre Tokyo e Osaka (aproximadamente 500km), em apenas 2h30.

Com várias linhas em funcionamento, o shinkansen conecta as principais cidades de norte a sul do país. É um jeito muito fácil, rápido e prático de se locomover, por isso é o melhor meio de transporte entre longas distâncias.

O lago negativo no Shinkansen é o preço. O trecho Tokyo-Osaka, por exemplo, custa ¥14.720 (cerca de R$ 480).

Um ponto importante é que os trens-bala fazem parte da empresa Japan Railway Company (falaremos sobre ela mais adiante). A vantagem é que para quem possui o passe turístico JR Pass, oferecido pela mesma companhia, é possível acessar todos esses trens (dentro da área de cobertura) sem custo adicional.

Trem Local (Futsuu – 普通)

O trem local, futsuu em japonês, é aquele clássico que para em todas as estações ao longo do percurso. O famoso pinga-pinga!

É a opção mais demorada em qualquer trajeto, mas a que permite chegar a todas as estações existentes. Justamente por isso, é bastante útil para alcançar um destino próximo ou, então, lugares mais remotos onde outros tipos de trem não chegam.

São trens eficientes, mas comparados às outras opções, bem mais lentos. A vantagem é que o preço é relativamente interessante e a viagem bem tranquila.

Há tanto trens locais da Japan Rail (que funcionam com o JR Pass), quanto de outras companhias. Algumas linhas de trens locais bastante úteis aos turistas são a Yamanote Line, em Tokyo, e a Osaka Loop Line – ambas operadas pela JR.

Trem Expresso (Kyuukou – 急行)

O trem expresso, ou kyuukou, fica no meio termo entre o shinkansen e o trem local. Isso porque ele é um trem de alta velocidade que faz várias paradas, mas apenas em estações maiores e notáveis.

Os trens regionais operam em rotas regionais e intermunicipais. Trajetos populares com esse tipo de trem envolvem algumas linhas provenientes de aeroportos, como do Aeroporto Internacional de Haneda, Aeroporto Internacional de Narita e Aeroporto Internacional de Kansai.

Em termos de preço, os trens expressos não costumam ser diferentes dos trens locais. No entanto, há tanto trens operados pela JR (inclusos no JR Pass) quanto por outras empresas privadas.

Trem Semi-Expresso (Junkkyuu – 準急)

O trem semi-expresso, chamados junkyyuu, guarda similaridades com o trem local e o trem expresso.

Ele para em mais linhas que o expresso, mas pula algumas estações (que o local pararia) para não ficar lotado, principalmente na hora do rush.

Esse tipo de trem é operado por várias companhias, incluindo (mas não se limitando) a Japan Rail.

Como exemplo de rota onde onde o trem semi-expresso opera, temos a Keihan Main Line, responsável por ligar Kyoto a Osaka. Não é o tipo exclusivo da linha, mas os trens semi-expressos operam em alguns horários.

Trem Expresso-Limitado (Tokkyuu – 特急)

O trem expresso-limitado, ou tokkyuu, é o segundo tipo de trem mais rápido do Japão, apenas atrás do Shinkansen. É um trem expresso de alta velocidade com paradas limitadas, ou seja, para apenas em algumas poucas estações, normalmente as maiores e mais frequentadas da rede.

O trem chamado Thunderbird, por exemplo, que liga Kanazawa a Kyoto/Osaka, é um expresso limitado. É a maneira mais rápida de viajar entre essas regiões que ainda não contam com o Shinkansen em funcionamento.

Alguns desses trens fazem parte da JR, mas não todos. Ou seja, é possível usar o JR Pass pra circular com eles, mas é preciso ficar atento para saber identificar os trens corretamente.

Trem Rápido (Kaisoku -快速)

Finalmente chegamos ao trem rápido, chamado de kaisoku. Ele é bem parecido com o trem local comum, apenas pulando algumas poucas estações.

Um exemplo de trem kaisoku é o que faz a Tokaido-Sanyo Line, entre as cidades de Osaka e Kyoto.

OPERADORAS DE TRENS NO JAPÃO: JR E EMPRESAS PRIVADAS

Quando falamos do sistema ferroviário japonês, precisamos entender que ele não é formado por uma só empresa. São, na verdade, mais de 100!

Entretanto, o mais importante é saber que de um lado temos a Japan Railway, que possui o maior número de trens em operação, e de outro as demais empresas privadas.

Japan Railway

Trem Shinkansen na estação de Kyoto, no Japão

Trem Shinkansen na estação de Kyoto

A Japan Railway Group é a antiga empresa estatal Japanese National Railway (JNR). Em 1987 ela foi privatizada e dividida em seis empresas independentes que pertencem ao Grupo JR.

Hoje, elas são juntas responsáveis por 80% da malha ferroviária japonesa, sendo a maior e mais conhecida operadora de trem no Japão. O grupo possui trens dos mais diversos tipos, dos Shinkansen aos trens locais.

Basicamente, isso quer dizer que em algum momento da sua viagem você andará em um trem da JR. Mais que isso, agora você entende o porquê da existência do JR Pass (passe turístico da JR) e da real possibilidade de conhecer o Japão todo fazendo uso dele.

Outras Empresas Privadas

Trem expresso Narita Airport Line

Trem Narita Airport Line da companhia Keisei | Foto: MaidLatte via Flickr

Existem pelo menos outras 16 companhias privadas de grande importância no sistema de trens do Japão. São empresas menores que a JR, mas que oferecem serviços para conectar tanto grandes cidades quanto pequenas áreas urbanas.

Podem variar entre companhias com apenas uma linha em operação ou mesmo uma grande malha ferroviária. Geralmente, cada uma dessas empresas têm seus próprios trilhos, mas algumas das rotas acabam se sobrepondo e compartilhando o mesmo caminho.

É preciso saber qual empresa opera cada trem?

A resposta a essa pergunta é: depende!

Em linhas gerais, são outros critérios que realmente importam na hora de escolher o melhor trem. Após definir a origem e destino da viagem, o que mais conta são os horários, tempo de deslocamento e valores dentre as opções disponíveis para a rota.

No entanto, se atentar à operadora faz todo o sentido caso você resolva comprar um JR Pass, já que ele cobre exclusivamente as viagens operadas pela Japan Railways.


Leia também:


BILHETES DE TREM NO JAPÃO E COMO COMPRAR

Catracas para os trens da JR na estação de Shinjuku, em Tokyo

Catracas para os trens da JR na estação de Shinjuku, em Tokyo | Foto: MaedaAkihiko via Wikimedia Commons

Ao viajar pelo Japão, você pode tanto pagar pelas suas viagens de trem individualmente quanto se beneficiar de passes de transporte destinados aos turistas.

O pagamento individual por viagem pode ser feito comprando um bilhete avulso na estação ou usando um IC Card para o pagamento, que é o método mais utilizado pelos próprios japoneses.

Já na modalidade dos passes, temos algumas variações do JR Pass, que garante transporte ilimitado por tempo determinado na rede de transportes da JR, mas é exclusivo para cidadãos estrangeiros vivendo fora do Japão.

A seguir, falarei sobre cada uma das modalidades:

Bilhete avulso

Essa é talvez a forma mais tradicional de usar o trem. Basta dirigir-se às máquinas de venda automáticas ou guichês de atendimento que ficam logo antes das catracas nas estações e comprar o bilhete da sua viagem. As máquinas são bastante intuitivas e também estão disponíveis em inglês.

Para descobrir o custo do bilhete ates de comprá-lo, procure o mapa dos trens afixado na parede logo acima das máquinas. Encontre o nome da estação de destino e observe o valor indicado abaixo dela.

Outra forma prática e que permite planejar o orçamento com antecedência, é usar o simulador de rotas do Google Maps, já que a ferramenta informa o valor dos trajetos. Pela minha experiência, a indicação costuma acertar o valor.

Para passar na catraca, insira o bilhete no local indicado, siga em frente e retire-o do outro lado. Você deve manter o bilhete consigo durante a viagem, já que ele será usado na hora de sair da estação de destino. Lembre-se disso!

O bilhete avulso, apesar de parecer arcaico, é uma opção interessante para trajetos únicos ao longo do dia. Podem também ser necessários em alguns percursos que não aceitam outra forma de pagamento, como estações muito antigas ou rotas cênicas, por exemplo.

IC Card

O IC Card, ou “Intelligent Card”, é um cartão recarregável utilizado no sistema de transporte público do Japão. Ele funciona como uma forma conveniente e ágil de pagamento, permitindo acesso rápido aos trens, metrôs e ônibus em todo o país.

A lógica e o preço são os mesmos do bilhete avulso, mas o processo é mais prático e rápido.

Após comprar e inserir saldo no seu cartão – veja como no nosso guia sobre o IC Card no Japão -, basta aproximá-lo na área indicada da catraca. Você irá repetir o procedimento ao sair da estação de destino, quando o sistema computará a rota percorrida e irá debitar o valor do bilhete.

E se não tiver saldo suficiente? Caso o seu cartão esteja sem saldo na hora de sair da estação, há máquinas e/ou guichês de atendimento em que você poderá fazer a recarga.

JR Pass

O famoso JR Pass permite que turistas estrangeiros escolham previamente entre 7, 14 ou 21 dias e circulem ilimitadamente nos transportes da companhia Japan Railway dentro da área escolhida. Isso inclui todos os tipos de trem, ônibus e ferry operados pela empresa no Japão.

Esse passe é vendido na versão nacional, que cobre todo o território do país, mas também existem versões regionais, que são um pouco mais baratas.

O passe regional oferece uma alternativa interessante para os que querem explorar uma região específica do Japão. Tokyo, por exemplo, está na área de JR East; enquanto Kyoto, Osaka, Nara e Hiroshima se encontram na delimitação chamada JR West.

A compra dos passes pode ser feita em alguns pontos de venda ao chegar no Japão, mas custa bem mais caro.

A forma mais econômica e usual de comprar o JR Pass é online, com algumas semanas de antecedência da viagem (você receberá um voucher pelos correios). É possível fazer a compra pelo site oficial da JR Pass (que é bastante confuso e complicado) ou através de revendedores autorizados – recomendo o Klook, que já utilizei em várias ocasiões. 

Vale saber que o JR Pass não é nada barato, mas é uma opção interessante para quem já programou o roteiro e sabe que vai precisar usar bastante os transportes da companhia JR. A grande ressalva é que o JR Pass não pode ser utilizado em trens de outras companhias privadas.

RESERVA DE ASSENTO NOS TRENS DO JAPÃO

De uma forma geral, não é preciso fazer reserva de assento nos trens no Japão. Ou seja, você pode adentrar a qualquer vagão e sentar em qualquer lugar sem problema algum.

Porém, em alguns tipos de trem do Japão, existe essa possibilidade. Os shinkansen e alguns trens expressos entram nessa categoria. Nesses casos, o comboio é dividido em vagões com assentos reservados e não reservados. Trens locais não possuem qualquer distinção nesse sentido.

A reserva de assento é indicada nos períodos de alta temporada como a primavera e os grandes feriados japoneses: Golden Week, Obon, Ano Novo. Ou, então, para àqueles que por algum motivo não querem ter dúvidas de que conseguirão pegar o trem desejado.

Viajantes que possuem o JR Pass têm direito à reserva de assento sem custo adicional. Para tanto, basta dirigir-se aos guichês de atendimento ou máquinas de compra de bilhete de algumas estações da JR.

Aqueles que não possuem o JR Pass e querem garantir seu assento pagam um pouco mais caro no momento de comprar a passagem (cerca de ¥700). Ambas as opções são oferecidas no momento da compra – seja pela máquina ou com um atendente.

Uma informação final, mas não menos importante para te ajudar na identificação dos assentos com ou sem reserva (seja no bilhete ou no vagão): 自由席 (jiyuuseki) é a palavra para não reservado, enquanto 指定席 (shiteiseki) é utilizado para reservado.

DICAS PARA PLANEJAR AS ROTAS DE TREM NO JAPÃO

Simulação de rota de trem no Japão via Google Maps

Agora que já falamos sobre os diferentes tipos de trem, bilhetes e companhias que operam no Japão, vamos a algumas dicas que facilitarão o seu planejamento.

O primeiro passo para escolher as melhores rotas começa na definição do roteiro. Um itinerário de viagem bem organizado é o que vai te permitir mapear seus trajetos.

Comece de forma simples: marque os lugares que você quer visitar no mapa. Isso vai fazer com que você tenha uma referência visual dos destinos e organize os deslocamentos de forma otimizada.

A partir daí, conecte esses destinos de uma forma lógica combinando com o calendário da sua viagem. É válido pensar também nos horários que você prefere fazer os deslocamentos. Se você quer desembarcar e ir direto descarregar as malas no seu hotel, cheque o horário de check-in – muitos só permitem a entrada a partir das 16h.

Insira os pontos de partida e destinos no Google Maps com as datas desejadas para identificar o melhor trem a ser utilizado.

É válido saber que em alguns lugares, há estações exclusivas da JR e outras destinadas às demais companhias (caso de Nara, por exemplo). Por isso, foque primeiro nas cidades e, depois, nas estações.

Anote tudo: tempo de percurso, estação, empresa, tipo de trem, valor. É isso que vai fazer com que você tenha o panorama dos trajetos e trens que vai precisar fazer durante sua viagem.

Com isso em mãos, observe algumas informações que serão guia para sua tomada de decisão. Se seus percursos incluem muitos trajetos com trens da JR, considere comprar o JR Pass.

Caso você vá fazer trajetos mais alternativos ou se deslocar bastante com outros meios de transporte além do trem, talvez o IC Card possa ser mais útil.

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