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“O que fazer em Presidente Figueiredo, o paraíso das cachoeiras”


Talvez nenhuma outra cidade no Brasil tenha tantas cachoeiras como Presidente Figueiredo, no Amazonas. E não é nenhum exagero dizer isso. Os órgãos de turismo já catalogaram mais de 100 (e reza a lenda que algumas dezenas ainda faltam entrar na lista). O motivo para tanta abundância está na geografia da região: por estar numa área mais montanhosa, ela é mais propícia à formação de corredeiras e quedas d’água. Por isso, para quem gosta de passeios na natureza, é um prato cheio.

É tanta paisagem incrível que daria para ficar meses e meses conhecendo a cidade, sem repetir nenhum passeio. Além das cachoeiras, ainda há muito o que fazer em Presidente Figueiredo, já que sobram opções de cavernas, lagoas, pontos de observação de aves… A grande vantagem é que não é preciso encarar muito tempo de estrada para chegar lá. Saindo de Manaus, são só duas de horas de carro pela BR-174.

Apesar de ter entrado para o mapa do turismo há poucos anos, já faz um tempo que a cidade caiu nas graças dos mochileiros, que cruzam o Brasil (e o mundo!) para nadar em suas cachoeiras. Querendo ou não, a maior parte dos viajantes ainda vêm de Manaus e das cidades próximas. Enquanto o povo das outras capitais costuma fugir para a praia nos fins de semana e feriadões, os manauaras correm para Figueiredo. Tendo a oportunidade de ter a Floresta Amazônica e dezenas e dezenas de cachoeiras no quintal de casa, eu também faria o mesmo.

Neste post, vou dar dicas e te contar como é viajar para lá. Mas já vou adiantando: nada se compara à sensação de estar no meio da floresta e mergulhar em uma cachoeira escondida entre as árvores, escutando os barulhos da mata. É preciso pagar para ver.

CLIMA EM PRESIDENTE FIGUEIREDO: QUANDO IR

Assim como o resto da região amazônica, Presidente Figueiredo tem estações do ano bem marcadas e fica a mercê dos períodos de chuva. Faz calor o ano inteiro e, num geral, a umidade é alta.

  • De março a junho, chove mais e, consequentemente, as cachoeiras ficam mais exuberantes e com maior volume d’água;
  • De julho a outubro, é verão na Amazônia. O nível das águas começa a baixar, mas as cachoeiras ainda estão caudalosas. O tempo fica mais firme e chove bem menos;
  • De novembro a fevereiro, as chuvas voltam a aparecer, mas ainda não são tão frequentes. É a época do ano em que corre menos água nas cachoeiras.

Conversando com guias e lendo relatos de outras pessoas, você vai perceber que não existe um consenso sobre qual é a melhor época do ano para ir para Figueiredo. Cada período tem suas vantagens e desvantagens, mas sempre há o que fazer em Presidente Figueiredo. Em resumo, o que muda é o tipo de paisagem e de experiência que você vai encontrar.

Para nadar na cachoeira da Neblina, por exemplo, é melhor ir quando a água está mais baixa, nos últimos e nos primeiros meses do ano. O mesmo vale para a do Mutum, já que as piscinas naturais só formam nessa época. Por outro lado, na Caverna da Maroaga, na Gruta da Judéia e na Pedra Furada, as quedas d’águas chegam a desaparecer quando não chove. Nesse caso, o melhor é ir de março a junho, para garantir. E por aí vai…

Por isso, pesquise bastante, escolha os seus atrativos favoritos e saiba qual é a melhor época para visitá-los. Já vou avisando que dificilmente você vai conseguir encaixar tudo numa mesma viagem, algum sempre vai ficar de fora de lista. Por esse motivo, se você fizer muita questão de conhecer os que faltarem, o jeito é programar uma segunda viagem e voltar em outro mês. Não tem jeito.

COMO CHEGAR E SE LOCOMOVER

O caminho de Manaus até Presidente Figueiredo é feito pela BR-174. São 120 km em pista simples de mão dupla. Pode ser que em alguns pontos você fique sem sinal de telefone.

No km 18, faça uma parada estratégica no Café Regional Priscila para um lanchinho. Essa é uma oportunidade de conhecer um pouco mais da culinária típica amazonense. Peça o X-caboquinho, que leva pão, queijo coalho, tucumã e banana.

Se não quiser dirigir, pegue um dos ônibus da Aruanã Transportes, que fazem esse trecho em cerca de 2 horas. Outra opção é ir de táxi. É bem comum que alguns grupos contratem o serviço em Manaus, dividam a conta e sigam até Figueiredo. No entanto, fica o alerta: encontrei algumas pessoas que viajavam nesse esquema e, depois de chegar na cidade, passaram um sufoco para conseguir carona ou contratar transporte para ir até as cachoeiras.

A não ser que feche um pacote com transfer já incluído, você vai precisar de carro para circular em Figueiredo. Isso porque é preciso pegar estrada para chegar até quase todos os atrativos (e eles ficam bem espalhados pela região).

QUANTO TEMPO FICAR EM PRESIDENTE FIGUEIREDO

Se nos propuséssemos a conhecer uma cachoeira por dia, precisaríamos de mais de três meses para visitar todas que existem em Presidente Figueiredo. Mas é lógico que não é preciso tanto. Em dois ou três dias já dá para ir até os atrativos mais famosos e de mais fácil acesso. Para também incluir as cachoeiras mais distantes e menos conhecidas na lista, eu me planejaria para ficar pelo menos 3 ou 4 noites.

Na hora de montar o roteiro, lembre que os atrativos ficam bem distantes uns dos outros e você pode perder bastante tempo com os deslocamentos. Também vale avisar que normalmente os “portões” das cachoeiras se fecham às 16h. Depois disso, ninguém mais entra. Isso significa que não dá para montar roteiros com várias atividades num mesmo dia.

Apesar de ficar relativamente perto de Manaus, não acho que valha a pena tentar um bate-volta até Figueiredo. Além de ser cansativo, você vai conseguir conhecer apenas uma ou duas cachoeiras e olhe lá. De toda forma, se for sua única opção, algumas agências de Manaus oferecem passeios com essa proposta.

Figueiredo é um dos lugares preferidos dos manauaras que querem fugir do ritmo da capital. Por isso, de sábado, domingo e feriado, a cidade lota. A dica é se programar para estar por lá de segunda a sexta.

ONDE SE HOSPEDAR EM PRESIDENTE FIGUEIREDO

O setor hoteleiro de Figueiredo ainda está em crescimento. Apesar de alguns hotéis e pousadas já oferecerem estruturas confortáveis, não vá esperando luxo. A maioria das acomodações é simples, mas atendem bem às necessidades básicas. Pensando nisso, aqui vão algumas das nossas sugestões:

Local Hostel Figueiredo 
É um dos hostels mais bonitinhos e organizados em que já me hospedei. Oferecem a opção de quartos compartilhados e privativos, com ou sem banheiro. O staff é super simpático e ajuda com ótimas dicas. O café da manhã é cobrado separado, mas vale o investimento. Outro ponto positivo é que fica na avenida principal, bem localizado.

Aldeia Mari-Mari Amazon Lodge 
Está mais afastado do centrinho da cidade e, por isso mesmo, você consegue ter um contato (ainda) maior com a natureza. Os quartos são simples, mas têm varanda e chuveiro de água quente. A pousada ainda conta com um restaurante e um igarapé na propriedade. Os galos-da-serra adoram aparecer por lá.

Hotel Canto dos Pássaros 
Com quartos amplos, está a mais ou menos 15 km da centro. Tem bar, restaurante e área de lazer ao ar livre. Os hóspedes podem alugar bicicletas e conhecer a piscina natural que fica na propriedade.

O QUE FAZER EM PRESIDENTE FIGUEIREDO

Nem só de cachoeiras vive Presidente Figueiredo. Antes de decidir o que fazer por lá, tenha em mente que você não vai conseguir conhecer todos os atrativos em uma única viagem. Primeiro porque, obviamente, há mais de uma centena (literalmente) de cachoeiras para visitar. E ainda tem as grutas, as lagoas, as corredeiras… Por isso mesmo, você precisa pesquisar bem para não perder tempo e ser certeiro na hora de montar a programação.

Vale lembrar que a maioria das cachoeiras e dos atrativos fica em propriedades particulares. Os donos costumam cobrar logo na entrada uma taxa, que normalmente vai de R$10 a R$15 por turista. Portanto, já vá com o dinheiro separado.

Cachoeira de Iracema

Com certeza está na lista das cachoeiras mais visitadas da cidade. No mesmo terreno ficam a Cachoeira das Araras e o Palácio do Galo da Serra (um gruta onde às vezes são avistados os passarinhos). O acesso é feito por uma trilha rápida e autoguiada. Na época da cheia, a queda d’água fica bem caudalosa. Quando o nível dos rios baixa, formam poços para nadar e dá até para sentar nas pedras perto do paredão e relaxar com a água caindo nas costas.

Aos fins de semana, é tanta gente que você quase não encontra lugar para parar o carro (e olha que o bolsão de estacionamento é grande). Da primeira vez, tentei conhecer a cachoeira num domingo, mas ela estava tão lotada que desisti e fui embora. Voltei na segunda-feira, bem cedinho, e só encontrei outras duas famílias. Aí sim deu para aproveitar e mergulhar numa boa.

Cachoeira da Neblina

É a maior cachoeira de Presidente Figueiredo, com uma queda d’água de mais de 30 metros. Também é uma das mais difíceis de chegar: são 6 km de caminhada para ir e mais 6 km para voltar. O caminho é feito o tempo todo em meio à mata fechada, num terreno plano durante quase todo o percurso (que dura umas duas horas, dependendo do seu condicionamento físico). Não é para todo mundo, mas vale a pena o esforço.

Quando fui, a trilha estava bem demarcada. Mas, como existe o risco de encontrar obstáculos e animais silvestres no meio do caminho (afinal, estamos no meio da Floresta Amazônica), recomendo fortemente que seja feita acompanhada de um guia.

Cachoeira do Mutum

É uma das mais afastadas do centro de Figueiredo. Precisa pegar a AM-240 e seguir até o km 54. Depois de entrar na propriedade, ainda há um trecho em estrada de terra e uma trilha. A cachoeira não é das maiores, mas tem uma faixa de areia para tomar sol e passar o dia. Mas o grande atrativo, na verdade, não é esse. Antes de escorrer pelo paredão, parte da água fica represada, formando piscinas naturais na corredeira. A sensação é de estar num ofurô em plena selva amazônica.

Ah, um ponto importante: as “jacuzzis” que aparecem nas fotos das agências de turismo só se formam quando o nível da água abaixa, normalmente de novembro a fevereiro. No resto do ano, a paisagem é completamente diferente (e você vai precisar de um 4×4 para chegar até lá).

Cachoeira do Santuário

Uma das cachoeiras mais bonitas e diferentes de Figueiredo. São três quedas d’água, que garantem visuais (e fotos) bem diferentes dependendo do lugar em que você se posiciona para observar. O acesso é por uma pequena trilha e há um quiosque que serve de apoio para deixar bolsas. No canto direito, fica uma plataforma de trampolim, onde forma um poço com alguns peixinhos. Vale aquela mesma regra: prefira ir durante a semana, sempre.

Caverna do Maroaga e Gruta da Judéia

Quem visita a Área de Proteção Ambiental (APA) Caverna do Maroaga conhece dois atrativos de uma vez só. Você deixa o carro no km 6 da AM-240 e dali segue com o guia pela trilha. Para completar todo o circuito, são mais ou menos duas horas de passeio, caminhando em trechos de mata fechada.

A primeira parada é a Caverna do Maroaga. Reza a lenda que era ali que o líder dos índios Waimiri-Atroari se escondia quando começaram a construir a BR-174, no anos 70. Ao todo são 450 metros de galerias, mas os turistas só podem adentrar os 50 primeiros (sempre acompanhados, é claro). Uma vez dentro da caverna, peça para o guia apagar as lanternas por alguns segundos. Em silêncio, dá para ouvir os animais e sentir toda a energia da floresta. É uma experiência única.

Assim que sair da caverna, você vai precisar tirar o sapato e caminhar em um pequeno trecho alagado, com água batendo na canela. Na minha opinião, um dos momentos mais bonitos da trilha. O objetivo é chegar até a Gruta da Judéia, formada por um paredão de arenito cheio de cipós. Na época da cheia, uma queda d’água aparece por ali e forma uma piscininha natural. Fui em janeiro e encontrei só um fiozinho d’água escorrendo pelo paredão. Perdi um pouco daquele efeito “uau”, mas paisagem é muito bonita e valeu a pena mesmo assim.

Lagoa Azul

Existem dois atrativos com esse mesmo nome em Figueiredo, cuidado para não confundir. O Lagoa Azul Park tem um estilão de balneário. Serve almoço e aluga bóias para fotos. E, apesar de estar no meio da Floresta Amazônica, a lagoa do complexo não tem nada de natural: ela foi criada com o objetivo de atrair os turistas. Já a Lagoa Azul do Maranhão é mais rústica e faz o estilo de quem procura uma experiência mais roots, digamos assim. Além disso, o ingresso também inclui uma visita a um fervedouro (sim!) que fica na propriedade.

Em algumas épocas do ano as lagoas fecham para os turistas. Para não perder viagem, é bom checar com o pessoal do hotel ou do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), que fica no centro da cidade, se elas realmente estão abertas.

ONDE COMER

Num geral, os restaurantes de Figueiredo são simples. Nada de muitas firulas ou invenções gastronômicas. Vários deles ficam no Complexo do Urubuí, uma espécie de balneário que está a menos de 2 km da principal avenida da cidade.

Chegando lá, provavelmente você vai ser abordado por pessoas com cardápios na mão, querendo te convencer a entrar. Desça a rua até o fim e escolha a Churrascaria e Peixaria Urubuí, o último restaurante do lado esquerdo. Lá são servidas receitas regionais, com um tempero caseiro muito gostoso. O Paulo, o dono, é uma simpatia só.

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