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“Lençóis Maranhenses: o que fazer, onde ficar e mais dicas”


Quando viajei para os Lençóis Maranhenses pela primeira vez, as redes sociais ainda estavam longe de ser o que são hoje. Apesar de na época os Lençóis já serem um destino popular entre os mochileiros, o turismo de massa nem chegava perto do Maranhão. Quase 10 anos se passaram e muita coisa mudou de lá para cá. Com o “boom” dos blogs de viagem e das fotos perfeitas no Instagram, não demorou muito e os Lençóis logo começaram a aparecer nas pesquisas como “destino mais desejado do Brasil”.

É totalmente compreensível. Realmente, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é um lugar diferente de tudo o que já vi na vida. Você pode até olhar mil fotos, assistir a todos os vídeos do Youtube, gastar horas e horas pesquisando. Nada se compara a estar ali, no meio das dunas, admirando aquela sequência sem fim de lagoas azuis. Lá não rola aquela história de ver imagens maravilhosas na internet e encontrar uma paisagem totalmente diferente. Vai sem medo: ao vivo é muito mais bonito do que nas fotos do Instagram.

A seguir, eu te conto como foram as minhas experiências por lá e dou dicas de tudo o que você precisa saber para começar a planejar a sua viagem (e não cometer os mesmos erros que eu cometi).

QUANDO IR PARA OS LENÇÓIS MARANHENSES

Vista aérea dos Lençóis Maranhenses

Foto: Marcreation via Unsplash

Os Lençóis Maranhenses só são o que são por causa das chuvas. A paisagem por lá muda o tempo todo. Se a precipitação é maior, as lagoas enchem e o resultado é um cenário digno de cartão-postal. Logo em seguida, as águas baixam e as piscinas naturais dão lugar a uma grande área de várzea.

Por isso, é preciso planejar bem: se quiser ir com garantia de tempo bom e lagoas cheias, vai precisar viajar na alta temporada, desembolsar mais e ter paciência para lidar com outros grupos de turistas nos passeios.

• De fevereiro a abril, as lagoas estão enchendo. Chove bastante e o céu fica, na maior parte do tempo, nublado;
• De maio a agosto, as lagoas estão no seu auge e o sol volta a dar as caras. O tempo é firme quase todos os dias;
• Entre setembro e outubro, o nível das águas começa a baixar. As lagoas já não estão tão cheias e aparecem algumas algas, mas ainda dá para tomar banho;
• De novembro a janeiro, é quando as lagoas atingem seu nível mais baixo (algumas podem chegar a secar completamente). Com a virada do ano, voltam as chuvas.

A melhor época para ir para os Lençóis Maranhenses é de maio a agosto. É nesses meses que as lagoas ficam mais cheias e você encontra aquele visual arrebatador, como nas fotos. Mas nunca é demais avisar: essa é também a época em que mais turistas desembarcam por lá. Julho e agosto são meses de férias e tudo costuma ficar lotado. No fim das contas, a paisagem “deserta” dos Lençóis deixa de ser tão deserta assim.

ONDE SE HOSPEDAR NOS LENÇÓIS MARANHENSES: ATINS, SANTO AMARO OU BARRERINHAS

Barcos em Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses

Foto: Fred  Schinke  via  Flickr

O que nós conhecemos como Lençóis Maranhenses é, na verdade, um Parque Nacional que se espalha por vários municípios. Ao todo, são mais de 150 mil hectares, boa parte deles coberta pelas dunas e lagoas que viraram cartão-postal.

O Parque Nacional é enorme e, como é de se esperar, nem sempre é fácil decidir como começar a planejar uma viagem para lá. Dica de amiga: antes mesmo de comprar as passagens de avião, decida onde você vai se hospedar. É isso que vai fazer toda a diferença na sua viagem. Vai por mim.

Hoje, três localidades servem como base para quem vai aos Lençóis Maranhenses: Santo Amaro, Barreirinhas e o vilarejo de Atins.

Barreirinhas:

É para quem quer mais infraestrutura (leia-se: mais opções de hotéis, agências de turismo, restaurantes e wi-fi), mas não liga de gastar mais tempo para chegar às lagoas e nem de dividir espaço com muitos turistas;

Atins:

É mais roots e também mais difícil de chegar. Saindo de São Luís, são cerca de 4 horas de estrada e depois mais 1 hora de barco. Em compensação, as lagoas são menos movimentadas e as ruas são de areia. Tem pousadas simples, um pouco mais charmosas (e caras na mesma medida) e nem sempre pega sinal de celular; 

Santo Amaro:

É para quem quer fugir do óbvio e dos roteiros mais manjados. É também onde ficam algumas das lagoas mais bonitas. Está a poucos minutos de caminhada das dunas e, por isso mesmo, é bem comum que as lagoas fiquem lotadas aos fins de semana.

Essa variedade de experiências é justamente um dos motivos que fazem os Lençóis Maranhenses serem tão especiais. Por isso, escolher qual é a melhor opção depende exclusivamente do tipo de viagem que você procura.

Na primeira vez que fui, usei Barreirinhas como base. Na época, quase 10 anos atrás, Santo Amaro e Atins ainda não estavam tão preparadas para receber os turistas e Barreirinhas era praticamente “a única opção”. Tive uma passagem bem agradável por lá. Mas, se fosse hoje, talvez minha escolha tivesse sido outra.

Não que Barreirinhas seja um lugar ruim. Muito pelo contrário. A cidade tem a melhor infraestrutura da região e atende bem aos turistas, ainda que não seja das mais charmosas. O ponto negativo, na minha opinião, é que ela fica longe do Parque Nacional (pode calcular pelo menos 1h30 para chegar até as dunas). Tanto é que, na minha segunda vez por lá, preferi desembolsar um pouco mais e ficar em Atins, para estar mais perto do Parque e aproveitar melhor as dunas e as lagoas. Mas, de novo, não existe certo e errado. Vai de você entender o que mais se encaixa às suas expectativas.

Hotéis e pousadas nos Lençóis Maranhenses

Apesar da fama dos Lençóis Maranhenses, o catálogo de hospedagens de lá não é dos mais charmosos. Não vá esperando luxo e mimos. Num geral, as acomodações costumam ser simples (e nem sempre tão baratinhas). Você paga pela proximidade ou não do Parque Nacional e pelo acesso fácil a serviços como restaurantes e agências de turismo.

Onde se hospedar em Barreirinhas

O Porto Preguiças tem estrutura de resort, com direito a piscinas, academia e quadra poliesportiva. Os quartos contam com frigobar e TV.

A localização é o diferencial da Pousada Buriti, que está pertinho do burburinho de Barreirinhas. A estrutura é simples, mas entrega o que promete pelas fotos.

A Encantes do Nordeste tem um pouco mais de bossa e um restaurante com menu variado, mas está longe do centrinho.

Onde se hospedar em Atins

Para ficar na beira da praia e aproveitar áreas de lazer agradáveis e para lá de charmosas, escolha a Santa María Atins. Os quartos são arrumadinhos e o preço é justo para o que oferece.

A Jurará tem o melhor custo-benefício e está no meio do caminho entre o Parque Nacional e a Praia de Atins. Ah, e os quartos têm ar-condicionado (um bônus e tanto para quem se hospeda em Atins).

A melhor estrutura da região é da La Ferme de Georges. Os chalés são amplos, têm camas enormes e uma decoração de muito bom gosto. Obviamente, as diárias também são mais salgadas.

Onde se hospedar em Santo Amaro

O Ciamat Camp é a opção mais autêntica. Os chalés seguem uma linha ecológica, têm ventilação natural e ficam em um terreno super arborizado.

Na Pousada Rancho das Dunas você encontra chalés espaçosos, mas sem muitas firulas. Tem ar-condicionado e restaurante.

COMO CHEGAR NOS LENÇÓIS MARANHENSES

Foto: Leo Castro via Unsplash

O melhor aeroporto para quem vai aos Lençóis é o de São Luís (SLZ), capital do Maranhão. Ele está 260 km de Barreirinhas e a 240 km de Santo Amaro. Isso significa que, depois de desembarcar, você ainda tem pelo menos 4 horas de estrada pela frente. Se seu destino final for Atins, pode acrescentar mais 1 hora de barco nesta conta.

O Aeroporto de Parnaíba (PHB) também pode ser uma opção. Em termos de distância, ele fica mais perto do Parque Nacional. Mas, por ter uma oferta de voos menor, acaba sendo mais caro e menos prático. Vale a pena só se você encontrar uma promoção de passagens ou emendar a ida aos Lençóis a uma viagem para o Delta do Parnaíba.

Aqui, vamos considerar que você desembarque em SLZ. É isso que a maioria das pessoas faz:

• De São Luís a Barreirinhas: são 4 horas de estrada, pela BR-135 e trechos da BR-402 e da MA-225. A pista é asfaltada, mas pode ser que você encontre buracos no meio do caminho;
• De São Luís a Atins: é o mesmo caminho até Barreirinhas. Chegando lá, ainda precisa pegar uma voadeira no cais de Barreirinhas e seguir por mais uma hora de barco. Tente organizar essa logística com a pousada ou com operadoras locais, antes de chegar;
• De São Luís a Santo Amaro: você vai pegar a BR-135, depois a BR-402 e, por último, a MA-320. Esse último trecho acabou de ser pavimentado há uns dois anos. Chegando lá, você deixa o carro no estacionamento da cidade e segue de jardineira até a pousada. Só carros com placas locais podem circular por lá.

Há opções de fazer esse trajeto de carro alugado ou transfer. Empresas de ônibus de viagem, como a Cisne Branco, também levam até Barreirinhas e Santo Amaro. Já fiz esse trecho de ônibus e foi bem tranquilo. 

COMO SE LOCOMOVER NOS LENÇÓIS MARANHENSES

Como não é possível circular de carro de passeio dentro do Parque Nacional, não faz muita falta ter um carro sempre à disposição.

Se ficar hospedado perto dos centrinhos (seja em Barreirinhas, Santo Amaro ou Atins), dá para sair à noite e fazer tudo a pé. Nem precisa esquentar a cabeça com táxi. Os passeios para as lagoas só podem ser feitos com as agências do turismo. Os guias passam nas pousadas, enchem as jardineiras e seguem para as dunas. Por isso mesmo, ter um carro alugado nos Lençóis, na minha opinião, é um luxo bem dispensável.

Também existem outros jeitos de explorar a região do Parque Nacional. Você pode, por exemplo, encarar um trekking pelas dunas (acompanhado de um guia, é claro) e fazer uma travessia dormindo na casa de moradores locais e passando por lagoas onde os turistas não vão. Outra opção é emendar a viagem aos Lençóis com idas ao Delta do Parnaíba e Jericoacoara. É o que as agências chamam de “Rota das Emoções”. Nesses casos, a logística é outra.

QUANTO TEMPO FICAR NOS LENÇÓIS MARANHENSES

O que fazer nos Lençóis Maranhenses

Foto: Davi Emrich via Unsplash

Mais uma vez, depende do que você planeja fazer por lá. Para aproveitar com calma, recomendaria reservar pelo menos 5 dias na agenda. Uma semana seria o ideal. Assim, dá até para dividir sua estada entre diferentes bases, variar os passeios e conhecer melhor outras áreas do Parque Nacional.

Algumas agências oferecem passeios bate-volta até Barreirinhas, saindo de São Luís. A viagem é super cansativa e você não vai conhecer quase nada do Parque Nacional. Só vale a pena se essa for sua única oportunidade de conhecer os Lençóis ou se você não tiver esperanças de voltar tão cedo. Caso contrário, foge que é cilada.

O QUE FAZER NOS LENÇÓIS MARANHENSES

Não é segredo para ninguém que o melhor dos Lençóis são as dunas e as lagoas. Vários passeios levam para conhecê-las, em programações que satisfazem todo tipo de turista. Mas não é só isso: uma vez na região, você também pode conhecer comunidades locais, navegar pelo rio e até tomar banho de mar.

O que fazer em Barreirinhas

O que fazer em Barreirinhas nos Lençóis Maranhenses

Foto: Marcus dall Col via Unsplash

Barreirinhas é o ponto de partida para os passeios clássicos pelos Lençóis. É de lá que também saem os aviões que fazem os famosos sobrevoos pelas dunas.

Circuito da Lagoa Bonita

É, de longe, o circuito mais bonito de Barreirinhas. As agências buscam o turistas nos hotéis e partem para o passeio. Depois de atravessar o rio de balsa, é preciso encarar quase uma hora de trilha. Mas o esforço vale a pena: você encontra cerca de 8 lagoas, em sequência, uma atrás da outra. Se fizer o passeio à tarde, tem a chance de assistir ao pôr do sol do topo das dunas.

Circuito da Lagoa Azul

A logística é quase a mesma do Circuito da Lagoa Bonita. Não oferece uma vista panorâmica, mas oferece boas paradas para banho. Passa pelas lagoas da Preguiça, da Esmeralda, Azul e do Peixe, que fica cheia de água mesmo fora da altíssima temporada. Também entra na lista de “clássicos”.

Passeio de voadeira pelo Rio Preguiças

É para quem quer conhecer os Lençóis além das lagoas. As lanchas descem o Rio Preguiças e fazem três paradas no caminho. A primeira é em Vassouras, onde dá para fazer um lanchinho e encontrar saguis fazendo graça para chamar a atenção dos turistas. Depois, o barco segue até Mandacaru, um vilarejo ribeirinho com um farol imponente. O último pit-stop é em Caburé, uma faixa de areia entre o rio e o mar. Lá dá para almoçar e fazer passeios de quadriciclo (cobrados à parte).

Sobrevoo pelos Lençóis

Os voos são o único jeito de ver as dunas do alto. A vista é linda, mas a brincadeira é cara (cerca de R$350,00 por pessoa). As saídas são do Aeroporto de Barreirinhas. A Voar Fotografia Aérea oferece três tipos de roteiros. No começo da manhã ou no fim da tarde, o visual fica ainda mais bonito.

O que fazer em Atins

Como eu comentei, minha primeira viagem para os Lençóis aconteceu há quase 10 anos. Na época, eu ainda não trabalhava com turismo e cometi um erro grave: por falta de informação, me contentei só com as lagoas que ficam perto de Barreirinhas. Elas são lindas e confesso que fui embora bem satisfeita. Mas hoje sei que poderia ter rendido mais. Deixei de fora o suprassumo dos Lençóis: as lagoas lindas e vazias de Santo Amaro e Atins.

Atins é um vilarejo de pescadores, charmoso e roots na medida. Segue toda aquela fórmula de destino instagramável: ruas de areia, pousadas fotogênicas, estilo rústico, lagoas mais limpinhas e menos muvucadas… Cenário perfeito, se não fossem os preços um pouco salgados. A oferta de passeios não é tão grande como em Barreirinhas, mas ainda assim há boas opções do que fazer.

Kitesurf

De agosto a janeiro, Atins vira um reduto de kitesurfistas. É nessa época que os ventos da região ganham as características perfeitas para quem é fã da modalidade. Resultado? O céu fica pontilhado de pipas coloridas e as pousadas mais movimentadas. E até os mais inexperientes podem entrar na onda. A Atins Kite Boarding oferece aulas privativas e em grupo.

Plânctons luminescentes

Na foz do Rio Preguiças, vivem plânctons que brilham no escuro, como vagalumes. Basta mexer a água e ela fica toda iluminada. Se tiver sorte, talvez consiga ver o fenômeno enquanto estiver por lá. Ele só acontece em noites escuras, quando a luz da lua não atrapalha a visibilidade. Pergunte na pousada ou nas agências locais sobre as saídas para o passeio.

O que fazer em Santo Amaro

Foto: David Emrich via Unsplash

Por fim, enquanto Barreirinhas e Atins tem várias outras opções de passeios, Santo Amaro é para quem quer ter overdose de lagoa. Isso porque a cidade fica quase que aos pés da dunas do Parque Nacional (e garante alguns dos visuais mais arrebatadores).

Ainda que quase todos os blogs de viagem façam listas e mais listas falando sobre o que é “imperdível” fazer por lá, não se prenda a conhecer todas as lagoas mais famosas. A cada ano a paisagem muda e a lista de lagoas mais bonitas também fica diferente. Nos Lençóis, o visual nunca é o mesmo. Pergunte aos guias quais lagoas valem mais a pena e confie no que eles disserem.

Emendadas

Na minha opinião, é o passeio mais interessante de Santo Amaro. Mas, definitivamente, não é para todo mundo. Para chegar até as lagoas, que se estendem por quilômetros, é preciso caminhar bastante em meio ao campo de dunas. Funciona assim: os carros levam até onde é permitido e de lá você segue com o guia. Não é dos percursos mais difíceis, mas, querendo ou não, você precisa ter condicionamento físico suficiente para andar cerca de 4 horas debaixo do sol. O visual compensa o esforço.

Lagoa da Andorinha e da Gaivota

Por fim, mas não menos importante, a visita às Lagoas da Andorinha e da Gaivota são outra opção de o que fazer em Santo Amaro. Elas são mais famosas e também as que mais ficam movimentadas aos fins de semana. Normalmente, estão incluídas nos tours que levam para conhecer as lagoas mais próximas de Santo Amaro. Mas vale o aviso: a Lagoa da Gaivota “furou” e já não é mais tão exuberante como anos atrás. O mesmo vale para a Lagoa da Bethânia, que também entra na lista de queridinhas por lá.

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