Subir o Monte Fuji é o sonho de muitos viajantes que desejam viver uma experiência única no Japão. Um cartão-postal do país, o Fujisan, como os japoneses o chamam, atrai aventureiros de todas as partes do mundo durante a temporada oficial de escalada.
A jornada até o topo não é apenas desafiadora, mas também repleta de significado cultural e espiritual. Além da vista deslumbrante e do sentimento de conquista ao chegar ao cume, subir o Monte Fuji exige planejamento e atenção a diversos detalhes: desde a escolha da trilha até a preparação física e os equipamentos necessários.
Neste artigo, você encontra um guia completo para subir o Monte Fuji, com informações de quando ir, como chegar até as trilhas, qual o grau de dificuldade da subida, dicas práticas de segurança e tudo o que você precisa saber para planejar essa aventura com tranquilidade.
- ONDE FICA O MONTE FUJI
- SOBRE O MONTE FUJI
- QUANDO SUBIR O MONTE FUJI
- MANEIRAS DE SUBIR O MONTE FUJI: COM OU SEM NASCER DO SOL?
- ROTAS DE ASCENSÃO PARA SUBIR O MONTE FUJI
- COMO CHEGAR A KAWAGUCHIKO, A CIDADE BASE DO MONTE FUJI
- DICAS PARA SE PREPARAR PARA O TREKKING
- QUANTO CUSTA SUBIR O MONTE FUJI?
- AFINAL, É DIFÍCIL SUBIR O MONTE FUJI?
ONDE FICA O MONTE FUJI
O Monte Fuji está localizado em Honshu, a principal ilha do Japão, a cerca de 150 km a sudoeste de Tóquio.
Fica na fronteira das províncias de Yamanashi e Shizuoka, contornado por três cidades: Gotemba, Fujiyoshida e Fujinomiya. Além disso, está próximo também da costa leste do Japão, voltada para o Oceano Pacífico.
SOBRE O MONTE FUJI

Foto: Getty Images
A montanha mais alta do Japão tem nada menos que 3.776 metros de altitude. Sua grandiosidade impressiona a ponto de, muitas vezes, parecer ainda maior do que realmente é. Essa sensação se deve ao fato de que o Monte Fuji tem uma proeminência igual à sua altitude.
Proeminência é uma medida que avalia a relevância de uma montanha em relação às formações ao seu redor. No caso do Monte Fuji, que está localizado em uma região relativamente plana, essa característica salta aos olhos. Por consequência, ele se destaca de forma imponente na paisagem, parecendo verdadeiramente colossal.
O Monte Fuji é, na verdade, um vulcão ativo, embora esteja adormecido há mais de 300 anos – sua última erupção foi registrada em 1707. Seu formato cônico quase perfeito, com o topo achatado, é resultado de intensa atividade vulcânica ao longo de mais de 100 mil anos.
Um dado curioso: esse ícone japonês pode ser admirado de diversos pontos do país. A montanha Irokawa Fujimi, em Wakayama, a 322 km de distância, é o local mais remoto de onde ainda é possível avistar o Monte Fuji. Incrível, não?
O significado espiritual de subir o Monte Fuji

Foto: Leung Cho Pan
Para os japoneses, o Monte Fuji é muito mais do que uma montanha: é um local sagrado, envolto em espiritualidade. No xintoísmo, por exemplo, acredita-se que divindades habitam o Fujisan, o que alimenta, há séculos, uma profunda devoção ao monte.
Historicamente, essa relação com o Fuji foi marcada por um misto de encantamento e temor. Sua beleza imponente fascinava, mas suas erupções frequentes despertavam medo, o que reforçava a ideia de que aquele era o lar das divindades e, portanto, merecia ser venerado à distância.
Até pouco mais de 100 anos atrás, a escalada do Monte Fuji era reservada apenas a monges e peregrinos. Foi apenas com o tempo que essa possibilidade se estendeu ao público geral — e talvez esteja aí um dos motivos pelos quais subir o Monte Fuji se tornou um desejo tão presente entre viajantes mundo afora.
Outro ponto importante é que o Fuji faz parte do grupo conhecido como Sanreizan, ou seja, as Três Montanhas Sagradas do Japão, ao lado do Monte Haku e do Monte Tate. Cada uma está associada a um elemento: fogo, água e espírito, respectivamente. Acredita-se que essas montanhas carregam poderes espirituais.
Em outras palavras, é justamente essa mistura de significado espiritual e conexão com a natureza que torna a escalada do Monte Fuji uma experiência tão especial, que vai muito além do desafio físico.
QUANDO SUBIR O MONTE FUJI

Monte Fuji sem neve | Foto: MarekPhoto’s Images
A temporada oficial para subir o Monte Fuji vai, em geral, do início de julho até meados de setembro. As datas podem variar ligeiramente a cada ano, de acordo com as condições climáticas. Esse é o período em que a montanha costuma estar livre de neve, permitindo uma subida mais segura aos visitantes.
Mas vale um aviso: ao subir durante esse período, não espere encontrar o clássico visual do Fuji com o topo nevado. Isso porque, a imagem icônica do monte branquinho costuma ser vista fora da temporada de escalada.
Finalmente, embora seja verão no Japão, tenha em mente que as temperaturas no topo do Fuji podem ser extremamente baixas, chegando, inclusive, a níveis negativos. Por isso, fique atento à previsão do tempo antes de encarar a subida consultando a informação neste site.
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MANEIRAS DE SUBIR O MONTE FUJI: COM OU SEM NASCER DO SOL?

Nascer do sol no Monte Fuji | Foto: Getty Images
Uma das primeiras decisões que você precisa tomar antes de planejar toda a logística para subir ao Monte Fuji é se deseja, ou não, fazer a subida e descida numa pegada só e se quer chegar ao cume no momento do nascer do sol. A partir disso, há duas estratégias que você pode seguir:
Nascer do sol com pernoite
Essa é a opção mais tradicional entre os viajantes que querem viver o momento mágico de ver o sol nascer do topo do Fuji e envolve passar a noite em uma das cabanas localizadas nas estações mais altas da montanha.
Nesse caso, a subida começa durante o dia, com um ritmo mais tranquilo. Ao chegar na cabana (é necessário reservar antecipadamente), você pode descansar por algumas horas. Bem cedo, ainda no escuro, a caminhada recomeça rumo ao cume, para que você esteja lá a tempo de ver o sol despontar no horizonte. Um espetáculo realmente inesquecível!
Subida e descida de dia (sem pernoite e sem nascer do sol)
Essa é a melhor escolha para quem está mais interessado no desafio físico de subir o Monte Fuji do que em ver o nascer do sol. Aqui, a ideia é subir e descer no mesmo dia, aproveitando a luz do sol e evitando o frio e o esforço extra da madrugada.
A caminhada começa bem cedo, geralmente entre 5h e 7h da manhã, e o objetivo é completar a subida e a descida até o final da tarde. É uma opção mais prática e direta, que dispensa a logística da pernoite, mas exige melhor preparo físico e um bom ritmo para não correr riscos com o tempo.
Seja qual for a sua escolha, vale considerar três fatores antes de decidir: suas preferências pessoais, seu condicionamento físico e o orçamento disponível. A pernoite nas cabanas, por exemplo, pode custar entre 6.000 e 9.000 ienes. Quanto mais próximas do cume, mais altos tendem a ser os preços.
Importante: a partir de 2025, quem não tiver reserva para pernoite em uma das cabanas da montanha só poderá iniciar a trilha entre 3h e 14h. Até o ano passado, havia a possibilidade de começar a trilha no fim da tarde ou no início da noite, seguir subindo sem parar durante a madrugada e, assim, chegar ao cume a tempo de pegar o goraikō (o nascer do sol no Monte Fuji). No entanto, com a nova regra, essa deixou de ser uma alternativa viável. Isso porque, mesmo optando pela rota mais rápida (cuja ascensão leva cerca de 5h30) e iniciando a trilha às 3h, não é possível chegar ao cume a tempo de ver o nascer do sol. |
ROTAS DE ASCENSÃO PARA SUBIR O MONTE FUJI
Existem quatro rotas para subir o Monte Fuji, e cada uma delas se divide em 10 “estações”, que são marcos de altitude ao longo das trilhas. A 1ª estação está na base da montanha, enquanto a 10ª está no cume.
Durante a temporada oficial de escalada, há ônibus que levam os visitantes até a 5ª estação de cada rota, que é o ponto de partida mais comum para os montanhistas. A partir daí, os trilheiros seguem a pé até o topo.
Abaixo, veja informações detalhadas de cada uma das quatro rotas disponíveis para subir o Monte Fuji:
Rota Yoshida
A rota Yoshida é a mais popular e considerada a mais acessível. Começa na 5ª estação a 2.300 metros de altitude, onde há uma infraestrutura bem desenvolvida, com lojas, restaurantes e banheiros.
Ao longo da trilha, há diversas cabanas para descanso e pernoite. A subida leva aproximadamente 6 horas e a descida é feita por um caminho diferente, que pode ser mais íngreme e escorregadio.
Confira mais informações sobre a rota e estrutura disponível.
Como chegar a partir de TóquioDurante a temporada de escalada, há ônibus expressos que partem da Estação Shinjuku, em Tóquio, diretamente para a 5ª Estação da rota Yoshida. A viagem dura cerca de 2h30 e custa 3.800 ienes. Vale a pena comprar sua passagem com antecedência. |
Rota Fujinomiya
A rota Fujinomiya também começa na 5ª estação, essa a 2.400 metros. É a segunda mais popular, com uma trilha mais curta, porém mais íngreme e rochosa.
Possui pontos de descanso e banheiros até a 8ª estação. A subida leva cerca de 5h30, e a descida é feita pelo mesmo caminho. Como está voltada para o oeste, não é possível ver o nascer do sol durante a subida, apenas ao chegar ao cume.
Confira mais informações sobre a rota e estrutura disponível.
Como chegar a partir de TóquioPrimeiro, pegue o Shinkansen (trem-bala) da Estação de Tóquio até a Estação Mishima. De Mishima, há ônibus diretos (2.500 ienes) para a 5ª Estação da rota Fujinomiya, trajeto que leva cerca de 2 horas. |
Rota Subashiri
A rota Subashiri é menos movimentada até se unir à rota Yoshida na 8ª estação. Começa a 2.000 metros de altitude, com uma trilha que passa por áreas de floresta até a 7ª estação.
Possui menos infraestrutura, com pontos de pernoite apenas a partir da 8ª estação. A subida leva aproximadamente 7 horas, e a descida é feita pelo mesmo caminho.
Confira mais informações sobre a rota e estrutura disponível.
Como chegar a partir de TóquioPegue o trem da Estação Shinjuku, em Tóquio, até a Estação Gotemba. De Gotemba, há ônibus que levam à 5ª Estação da rota Subashiri em um trajeto de 1 hora (1.600 ienes). |
Rota Gotemba
A rota Gotemba é a mais longa e menos frequentada. Começa a 1.450 metros de altitude, exigindo uma subida de pelo menos 8 horas.
A trilha é composta por cascalho, rochas e terreno arenoso, com poucas opções de pernoite. É indicada para montanhistas experientes e com bom condicionamento físico.
Confira mais informações sobre a rota e estrutura disponível.
Como chegar a partir de TóquioPegue o trem da Estação de Tóquio até a Estação Gotemba. De lá, há ônibus que levam à 5ª Estação da rota Gotemba em um trajeto de 40 minutos (1.200 ienes). |
COMO CHEGAR A KAWAGUCHIKO, A CIDADE BASE DO MONTE FUJI

Lago Kawaguchi com Monte Fuji de pano de fundo | Foto: Fê Moro
Antes de subir o Monte Fuji, muitas pessoas optam por passar ao menos uma noite na região para descansar, se aclimatar e explorar os arredores com calma. Nesse contexto, a cidade de Fujikawaguchiko, mais conhecida apenas como Kawaguchiko, é o ponto de apoio mais popular.
Localizada ao norte do Monte Fuji, Kawaguchiko oferece uma boa infraestrutura turística, com hospedagens, restaurantes e acesso facilitado às trilhas de ascensão. Além disso, é também um ótimo lugar para quem deseja apenas admirar o vulcão de longe ou explorar a região dos Cinco Lagos de Fuji.
Você pode chegar a Kawaguchiko a partir de Tóquio de trem ou ônibus, como explico a seguir:
De trem
Para ir de trem até Kawaguchiko, saia da Estação Shinjuku, em Tóquio, e pegue o trem expresso da linha JR Chuo Line até a Estação Ōtsuki. Lá, será necessário fazer uma baldeação para a linha Fujikyuko, que leva diretamente até a Estação Kawaguchiko.
O trajeto total leva cerca de 2 horas e o custo aproximado é de 3.520 ienes por trecho.
Quem estiver usando o JR Pass pode cobrir o trecho até Ōtsuki sem custo adicional, já que é operado pela JR. No entanto, a Fujikyuko Line não está incluída no passe e o trecho final precisa ser pago separadamente.
De ônibus
Uma opção prática e direta é o ônibus que parte do Terminal de Shinjuku com destino à Estação Kawaguchiko.
A viagem dura cerca de 1h45 (podendo demorar mais no retorno por conta do trânsito em direção a Tóquio) e custa por volta de 2.200 ienes. Duas empresas atendem o trajeto, a Keio e a Fujikyu.
Também há partidas da Estação de Tóquio (saída Yaesu Sul), operadas pelas empresas JR Kanto Bus e Fujikyu, além de saídas da região de Shibuya (Mark City), neste caso apenas pela Fujikyu.
DICAS PARA SE PREPARAR PARA O TREKKING

Foto: Paulo Rossi via Flickr
Subir o Monte Fuji é uma experiência inesquecível, mas requer certo preparo. A seguir, compartilho recomendações básicas (e, na minha opinião, essenciais) para que você encare essa aventura com mais segurança e tranquilidade:
Condicionamento físico
Você não precisa ser atleta para subir o Monte Fuji, mas é importante ter um bom preparo físico. São horas de caminhada montanha acima, muitas vezes sob frio e em alta altitude. Portanto, treine antes da viagem. Caminhadas em subidas e trilhas longas podem ajudar bastante.
Outro ponto que merece atenção é o mal de altitude. Ao longo da subida, é possível sentir sintomas como fadiga, dor de cabeça, tontura ou náusea. Para evitar isso, faça a subida em um ritmo tranquilo, respeite seus limites e fique atento aos sinais do seu corpo.
Equipamentos essenciais para a subida
Você não precisa investir em equipamentos profissionais, mas há itens indispensáveis para garantir conforto e segurança durante o trekking. São eles:
- Calçados adequados: botas ou tênis de trekking são essenciais para evitar torções, escorregões e bolhas;
- Roupas em camadas: use roupas de secagem rápida por baixo e roupas de frio leves, mas eficientes, por cima. Lembre-se: no topo do Fuji, mesmo no verão, as temperaturas podem chegar a zero grau;
- Mochila confortável: com bom suporte e espaço para os itens essenciais;
- Água e lanches: leve ao menos 2 litros de água e alimentos leves e energéticos, como barrinhas, frutas secas ou sanduíches;
- Bastões de caminhada: ajudam a reduzir o impacto nas articulações, especialmente na descida;
- Lanterna de cabeça: fundamental para quem pretende fazer a subida noturna para ver o nascer do sol.
QUANTO CUSTA SUBIR O MONTE FUJI?

Foto: Paulo Rossi via Flickr
A partir de 2025, será cobrada uma taxa obrigatória de 4.000 ienes para quem deseja subir o Monte Fuji, independente da trilha escolhida. A reserva deve ser feita com antecedência no site oficial.
Além disso, foi estabelecido um limite diário de 4.000 visitantes para ajudar a preservar a montanha.
Vale saber também que não é obrigatório contratar um guia para subir o Monte Fuji. A trilha é bem sinalizada e conta com boa infraestrutura, principalmente nas rotas mais populares.
Além do custo de transporte para chegar até a trilha, os demais valores giram em torno do que você pagará ao longo do percurso.
Por exemplo, banheiros pedem uma contribuição simbólica de 200 ienes (leve moedas trocadas para facilitar). Logo nas primeiras estações, é possível comprar o tradicional bastão de escalada do Monte Fuji (cerca de 800 ienes).
Já ao longo do caminho, você pode colecionar carimbos (300 ienes cada) nos pontos de parada, um “passaporte” da experiência. Por fim, os preços de comidas e bebidas vão subindo junto com a altitude. No topo da montanha, por exemplo, um simples café pode custar 500 ienes.
AFINAL, É DIFÍCIL SUBIR O MONTE FUJI?
Essa é uma pergunta delicada. Se eu tivesse que responder de bate-pronto, diria que a trilha não é difícil do ponto de vista técnico. Prova disso é que atrai milhares de turistas todos os anos, a maioria deles sem experiência prévia em montanhismo.
Por outro lado, também não dá para dizer que subir o Monte Fuji é algo trivial. Afinal, estamos falando da montanha mais alta do Japão. A subida exige, no mínimo, 6 horas de caminhada morro acima, em temperaturas baixas, com o ar ficando cada vez mais rarefeito.
A palavra-chave aqui, na minha opinião, é bom senso. Antes de tomar a decisão de encarar essa aventura, vale refletir sobre três aspectos essenciais: seu preparo físico, os equipamentos disponíveis e o seu real desejo de subir o Monte Fuji.
Pense com carinho se o seu corpo está pronto para encarar esse desafio, afinal, é ele quem vai ter que subir e descer a montanha. Garanta também o básico para um trekking seguro: botas apropriadas e roupas adequadas para o frio fazem toda a diferença.
E, talvez o mais importante: analise se essa é uma vontade genuína sua. Não vá só “na onda” de amigos ou influenciadores. Infelizmente, já vi muita gente se machucar por não ter avaliado com calma o que significa subir o Monte Fuji.
Não estou aqui para te desanimar… muito pelo contrário! Meu conselho mais sincero é: se prepare. Física, mental e logisticamente. Assim, você aumenta (e muito!) suas chances de viver essa experiência de forma plena, segura e inesquecível.
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